Na Finlândia,
modelo mundial, maioria dos alunos faz ensino profissionalizante
09/10/2011
Cerca de 80% desses estudantes vai para o mercado,
mas eles têm a opção de fazer especialização 3 anos
depois
Mariana Mandelli - Enviada especial No sistema de
educação finlandês – considerado o melhor do mundo –, a grande maioria dos
jovens que optam por um curso de ensino profissionalizante após completar o
equivalente ao ensino fundamental do País não dá continuidade aos estudos.
Segundo Matti Haapanen, coordenador do EuroSkills e membro da delegação
finlandesa no WordSkills 2011, maior evento de
educação profissional do planeta, essa taxa chega a 80%. “Eles vão direto para
o mercado de trabalho porque o curso os preparou para a vida profissional”,
explica Haapanen. No entanto, após três anos de
experiência de trabalho, os egressos desse tipo de ensino têm direito a fazer
uma especialização técnica. Já quando completam cinco anos de prática
profissional, eles podem fazer uma espécie de mestrado.
Quanto à taxa de 20% restante, segundo Haapanen, 15%
ingressam nas escolas politécnicas – que oferecem cursos como os tecnólogos
brasileiros – e 5% optam por vivenciar a experiência de uma universidade tradicional.
Segundo Haapanen, dos que acabam os primeiros anos da
educação básica finlandesa, cerca de 129 mil alunos
vão para o ensino médio regular e cerca de 160 mil optam pelo ensino
profissional, chamado de “vocational schools”. Ambos duram em média três anos. Os alunos que
acabam o ensino médio tradicional também podem optar por um curso politécnico.
“As universidades ainda têm maior procura, mas, nos últimos anos, as escolas
politécnicas têm atraído mais os jovens, por terem cursos mais práticos”,
afirma o educador finlandês.
Segundo Haapanen, está crescendo, especialmente no
sul da Finlândia, o número de escolas que oferece ensino médio com habilitação
técnica (como ocorre no Brasil), em tempo integral. “Ainda é uma porcentagem
pequena, mas está aumentando”, explica ele. Cenário. A Finlândia está há várias
edições no topo do ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), teste que avalia, a cada três anos, a competência em matemática,
ciências e linguagens de alunos de 65 países. “A razão principal desse
desempenho é que o nosso sistema educacional é simples e acessível a todos –
todas as escolas do ensino básico, do 1.º ao 10.º ano, seguem, em todo o país,
o mesmo ritmo”, diz Haapanen. “E a maioria é pública
– estadual e municipal. São muito poucas as privadas. Com 5
milhões de habitantes, a Finlândia tem cerca de 40 mil matrículas por ano na
escolaridade básica, o que resulta em um total de mais de 500 mil estudantes
nesse nível de ensino. O governo gasta em média 6 mil euros por alunos por ano
– dependendo do tipo de ensino, o valor varia de 4 a 10 mil euros. Haapanen também destaca a alta qualificação dos professores
e o status que eles têm na sociedade. “Mesmo com os salários não sendo tão
altos – cerca de 40 mil euros ao ano, para os que lecionam nos primeiros anos
da educação básica –, muitos jovens, ao terminar a universidade, desejam ser
professores”, afirma ele, que considera “impressionante” o desempenho do Brasil
no WorldSkills. A repórter viajou a convite do Senai/CNI
O Estado de São Paulo