MPF
apura desvio de R$ 1,8 milhão em Dourados
08/11/2011
Pelo
menos R$ 1,3 milhão foi desviado da Prefeitura de Dourados, na gestão do
ex-prefeito Ari Artuzi (PMN). O montante partiu dos
cofres federais, dentro do programa ProJovem,
do Ministério do Trabalho. A suspeita do Ministério Público Federal (MPF), que
faz levantamentos na administração municipal, é de que o dinheiro foi destinado
para bancar campanha eleitoral.
Ontem,
o atual prefeito, Murilo Zauith (PSB), não quis
comentar as informações, mas admitiu, apenas, que as investigações existem, no
entanto, garantiu não saber até que ponto elas caminharam.
Desvios
de recursos oriundos do ProJovem
estão sendo apurados, também, em nível nacional, comprometendo a administração
do ministro Carlos Lupi (PDT), apontado como o
próximo a cair. No último fim de semana, inclusive, supostas irregularidades em
sua administração, estamparam manchetes de jornais nacionais.
Segundo
reportagem da revista Veja, caciques do PDT, liderados
por Lupi, teriam transformado os órgãos de controle
da pasta em instrumento de extorsão. Relatos de dirigentes das ONGs Instituto Êpa, do Rio Grande do Norte, e Oxigênio, do Rio de Janeiro,
revelam que as entidades contratadas pelo ministério para treinamento passavam
a enfrentar problemas com a fiscalização da pasta e tinham os repasses de recursos
bloqueados. Depois eram procurados por assessores graduados do ministro, que
exigiam propina entre 5% e 15% do valor do contrato para que voltassem a
receber recursos.
Em
Dourados, mais R$ 1,8 milhão foi bloqueado e terá de ser devolvido à Brasília,
após a constatação do sumiço de R$ 1,3 milhão. O Ministério do Trabalho enviou
o dinheiro do ProJovem para
a administração municipal de Dourados, que deveria ter contratado empresas
idôneas para prestar serviços de profissionalização entre a juventude. As
empresas que receberam os recursos terão que se explicar ao MPF.
Comenta-se,
extraoficialmente, que os recursos do ProJovem, em Dourados, foram
desviados para beneficiar empresas de fachada, incluindo ONGs — organizações
não governamentais — que ficaram com parte do dinheiro, devolvendo a maior
quantia para agentes públicos municipais, na gestão Artuzi,
provavelmente para pagar dívidas de campanha eleitoral. O MPF poderá, nos
próximos dias, prestar maiores esclarecimentos e apontar as empresas e ONGs suspeitas.
Dentro da atual administração, o assunto é um verdadeiro tabu: ninguém fala
nada.
O
ProJovem nasceu para preparar a juventude para o mercado de trabalho e para
ocupações alternativas geradoras de renda. Podem participar do programa
desempregados com idades entre 18 e 29 anos e que sejam integrantes de famílias
com renda per capta de até meio salário mínimo.
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