MOVA comemora 10 anos com índice zero de analfabetismo

29/11/2011

 

O MOVA – Movimento de Alfabetização de Adultos de Embu das Artes – comemorou no dia 28/11, 10 anos de parceria com o poder público municipal, com uma apresentação cultural no Parque Francisco Rizzo, que contou com uma exposição e com a presença de mais de 300 educandos de toda a cidade. Além da bela exposição montada pelos alunos, a abertura foi feita por várias duplas de violeiros da ASSEA (Associação do Artista Sertanejo de Embu das Artes) como Ramo e Raminho, Adão e Lojor, Samuel, Iramar e Zezinho.

A Coordenadora do MOVA, Valkiria da Silva, disse estar muito feliz e orgulhosa por morar numa cidade em que o Governo se preocupa com a educação. Segundo Valkiria, nesse 10º ano está certificando em torno de 250 alunos como alfabetizados e que poderão continuar seus estudos se matriculando nos cursos de E.J.A.(Educação de Jovens e Adultos), a partir da 5ª série primária que já faz parte da rede oficial municipal de educação. E apresentou um texto em homenagem e agradecimento à irmã Anette, que foi uma das pioneiras da organização do primeiro MOVA.

Participaram da comemoração o prefeito Chico Brito, o deputado estadual Geraldo Cruz, os vereadores Silvino Bomfim, Na e João Leite, os secretários adjuntos de Assistência Social e Esportes, além do presidente da ASMOREJI (Associação dos Moradores da Região do Jardim Independência), José Geraldo e a ex-vereadora Ana Maria, que foi organizadora do primeiro movimento de alfabetização de Embu das Artes, através de igrejas, antes de ser oficializado pelo município.

O deputado estadual Geraldo Cruz parabenizou a todos pela conquista dos 10 anos e disse que percebeu uma diferença muito grande no perfil das pessoas que estavam presentes hoje e as que participaram dos primeiros anos do MOVA. “Eu estava aqui duvidando que todos vocês fossem do MOVA! Parece até gente de “classe média”! Com certeza é porque o Brasil tá melhor e o Embu também está melhor hoje! Porque nós chegamos a visitar 1000 distritos de alfabetização e hoje graças a Deus, não conseguimos encontrar mais tudo isso. Isso que vocês conquistaram, ninguém mais tira de vocês”.

A secretária de educação, Rosimary Mendes de Matos, disse sentir um orgulho imenso de ter participado dessa história e do movimento de alfabetização mais forte de toda a região Sudoeste. Rosimary informou que, conforme pesquisa encomendada pela prefeitura, a alfabetização supera os 98% em Embu das Artes, restando menos de 2% da população, que ainda “não se sentiu acolhida”, e que por isso, elAs precisam continuar. Matos lembrou que agora, também haverá uma universidade pública gratuita, que vai oferecer uma oportunidade de continuidade dos estudos, inclusive para os ex-alunos do MOVA no futuro. “Aqui na nossa cidade, nós temos o movimento pulsando. Por isso, o Instituto Paulo Freire já considera que, pela baixa porcentagem, em Embu das Artes não há analfabetismo. Por essa razão, temos que comemorar muito, mas reconhecer que ainda existe um residual. Não vamos desistir de garantir essa oportunidade para que o MOVA não seja necessário no futuro”. Rosimary agradeceu muito a parceria com as associações e igrejas e informou que, devido ao sucesso, Embu das Artes sediará, em 2012, o Encontro Nacional do MOVA.

O vereador Silvino Bomfim disse que nos anos 1980 participou do movimento estudantil para transformar a escola João Martins numa universidade, e que hoje, todos estão sendo contemplados com a UNIFESP. E lembrou, também, da luta pela criação de um cursinho pré-vestibular na cidade, com o compromisso das empresas locais contratarem os alunos universitários. 

Declarações de emoção por professores e alunos

Além das várias homenagens merecidas às coordenadoras Selma Baleeiro e Valkiria da Silva, alguns professores e alunos fizeram declarações emocionadas por terem estudado ou feito parte do MOVA: A professora Aparecida Eliana Mota, deficiente visual, exortou os alunos a não desistirem, por mais dificuldade que tiverem; O senhor Benedito Almeida, aluno do núcleo Itatuba, disse que veio de Minas e não conhecia o MOVA antes. E que, depois que começou, em 2010, já aprendeu a ler e escrever. Segundo ele, esse ensino ajuda muito: “Antes a gente chegava no posto de saúde daqui, era difícil ser atendido. E agora, a gente chega lá, eles atendem a gente”. Outro aluno, Carlitos Ferreira, do Núcleo da Escola Paulo Freire, em agradecimento, leu com dificuldade, o “Hino do Mova” e que ao chegar a São Paulo vindo de Minas, tinha vontade de aprender a escrever. E, por ter conseguido, agradeceu a todos; Cleuza Filomena de Souza, do Núcleo Santa Luzia, emocionou a todos por dizer que agora, depois de começar a fazer o curso, já montou sua lojinha e aprendeu a escrever os códigos das empresas para as quais trabalha. Cleuza disse também que fez muitos amigos no MOVA e Iracema Eulália, do Núcleo Inês Cardoso, também agradeceu muito porque não teve oportunidade de estudar quando jovem e hoje está “cheia de histórias”.

O prefeito Chico Brito disse que as falas mais importantes dessa comemoração foram dos alunos que contaram uma história de vida, de sacrifícios e de esforço de superação de dificuldades e de si mesmos, para transformarem suas vidas:

"Na sua simplicidade, essas pessoas mostraram pra gente que basta o povo ter uma oportunidade, que esse povo agarra essa oportunidade e vai longe. Essas pessoas nos ensinaram que não estudaram não porque não quiseram, mas que foi por falta de oportunidade. Porque esse Brasil cresceu com nossa elite pisando na cabeça do povo pobre. Agora quem é que engana seu Benedito, seu Carlito, dona Cleuza e a dona Iracema? Ninguém! Porque eles não aprenderam só a ler o que está escrito no papel. Mas aprenderam, através da leitura e da escrita, a ler o mundo também!”

Em nome de todos os formandos, receberam certificados das mãos das autoridades presentes os alunos: Elaine Miranda, Clélia Reis Ramos, Hilda Ribeiro da Silva, Lucilene Bezerra, Oliane Santos Benedito Almeida e Iracema Eulália Almeida Silva.

O MOVA Embu das Artes está organizado em 16 núcleos que funcionam em sedes de associações de bairro, salões de igrejas, escolas estaduais, municipais e residências, com educadores da comunidade local. E oferece aos alunos, além da alfabetização, também a oportunidade de convívio cultural e social através de acesso a equipamentos de cultura, como cinemas, teatros, museus, etc.

Fonte:

http://www.embu.sp.gov.br/e-gov/noticia/index.php?ver=4273