Rosangela Carrilo Moreno.  As mutações da experiência militante: um estudo a partir do movimento hip hop de Campinas, São Paulo. 2007                                  

Mestrado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. FACULDADE DE EDUCAÇÃO                                                                                                          

Orientador(es): ANA MARIA FONSECA DE ALAMEIDA                                                                

Biblioteca Depositaria: Biblioteca Digital UNICAMP

 

Palavras - chave:                                                                                                           

Militantismo; Ciência política; Socialização; Juventude; Hip-hop (Cultura popular jovem)

 

Área(s) do conhecimento: ENSINO E PRÁTICAS CULTURAIS

 

Banca examinadora:                                                                                                               

ANA MARIA FONSECA DE ALAMEIDA                                                                     

HELOISA HELENA TEIXEIRA DE SOUZA MARTINS                                                                            

KIMI APARECIDA TOMIZAKI                                                                                               

 

Linha(s) de pesquisa:                                                                                                              

EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS

Dependência administrativa                                                                                           

Estadual

 

Resumo tese/dissertação:

Este trabalho discute a militância de jovens rapper negros que se engajaram na criação da Casa do Hip Hop de Campinas, uma instituição patrocinada pela prefeitura da cidade, nas mãos do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 2001 a 2004. A pesquisa busca compreender a origem da militância política dos rappers expressa por sua adesão ao rap, visto como uma prática artística e política e pelas alianças que eles conseguiram estabelecer com os políticos eleitos da cidade a fim de criar a Casa. Partindo da definição bourdieusiana de socialização como internalização das condições objetivas de existência, a dissertação revela os processos pelos quais foram criadas as disposições para o envolvimento desses jovens com a música e com o protesto político. Mostra-se como a experiência de mobilidade social ascendente na geração dos pais, ainda que modesta, favoreceu a construção de fortes ambições por parte dos jovens. A impossibilidade de construção de um futuro através da escolarização, por falta de boas oportunidades escolares, assim como uma experiência precoce com o racismo no ambiente escolar e no contato direto com a polícia, conduziu-os em direção ao mercado cultural, onde tentaram construir uma carreira como rappers, visto por eles, no momento, como uma saída possível para a privação econômica, ao mesmo tempo em que mantinham suas origens negras e sua dignidade. Baseado na teoria de campo de Bourdieu a pesquisa considera a trajetória dos rappers a partir do momento em que, confrontando-se a uma forte oposição dos rappers estabelecidos na cidade, eles entram no campo da política organizada associando-se com um vereador negro da cidade, filiado ao PT, que os ensina os elementos básicos da ação política organizada. Como resultado, os jovens rappers criam uma associação que se tornou percebida pela mídia e pela prefeitura como o movimento hip hop de Campinas. Como tal, eles puderam ter sucesso nas negociações com a Secretaria Cultural da cidade para a criação da Casa do Hip Hop de Campinas, assegurando empregos públicos chaves na instituição. O processo de institucionalização foi seguido por uma crise culminando com a cisão do grupo e com o redirecionamento das ambições dos jovens em direção a empregos públicos mais estáveis, renunciando à carreira como rappers.