Ministro quer 30%
dos recursos do sistema S para a educação profissional
06/11/2006 15:31
O ministro da Educação, Fernando Haddad, lançou nesta segunda-feira, dia 6,
em Brasília, uma proposta de parceria com o sistema S — serviços de
aprendizagem da indústria (Senai), do comércio (Senac), de transporte (Senat) e
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Haddad
defendeu a destinação de 30% dos recursos das contribuições sociais do sistema
ao ensino profissionalizante da rede pública, especialmente ao ensino médio.
A proposta foi feita durante a 1ª Conferência Nacional de Educação
Profissional e Tecnológica, que começou no domingo, dia 5, e vai até
quarta-feira, 8, na capital federal. “É preciso unir forças para proporcionar
um horizonte profissional ao jovem. E o sistema S, enquanto paraestatal,
precisa se comprometer com a educação e adotar a escola pública”, disse o
ministro. Entidades Paraestatais não integram a administração
direta nem indireta, sendo pessoas jurídicas de direito privado.
Estão ao lado do Estado desenvolvendo atividades privadas de interesse
público. Os recursos vêm de contribuições autorizadas pelo governo.
Haddad fez também sugestões que envolvem educação de jovens e adultos,
vinculação da educação profissional ao ensino médio e iniciação profissional.
Segundo o ministro, o ensino profissionalizante deve ser inserido na educação
formal de jovens e adultos já na quinta série do ensino fundamental. A idéia é
relacionar o aprendizado de disciplinas como matemática e português à realidade
social do aluno da rede pública. “É impossível enfrentar a evasão sem promover
uma articulação entre o conteúdo escolar e a vida profissional”, afirmou.
A necessidade de integração entre o nível médio e a educação profissional
tem um forte argumento, na visão do ministro. Dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) revelam que aproximadamente dois milhões de
jovens, entre 15 e 17 anos, estão fora da escola. Por isso, Haddad propõe a
aproximação cada vez maior entre qualificação profissional e aumento da
escolaridade como forma de evitar a evasão. “Hoje, isso ocorre de forma
dissociada porque quem tem apenas diploma de ensino médio não consegue
emprego”, exemplificou.
Ao se referir ao sistema S o ministro indicou a iniciação profissional
como uma ação de baixo custo para o empresariado que pretende apoiar o ensino
profissionalizante. Ele citou como exemplo o programa Escola de Fábrica,
por meio do qual o MEC oferece bolsas de iniciação técnica ao jovem no ambiente
de trabalho. Cerca de 40 mil estudantes entre 16 e 24 anos são atendidos pelo
programa.
Maria Clara Machado