Ministro da Educação ouve especialistas para melhorar qualidade do
ensino médio
09/01/2008 14:21:39
Medidas para
ampliar o acesso ao ensino médio, aumentar a permanência dos
alunos nesta etapa e elevar a qualidade do ensino estão em debate no
seminário Ensino Médio de Qualidade: Experiências, Novos Desafios e
Proposições. O encontro, nesta quarta-feira, dia 9, na
sede do Ministério da Educação, reúne especialistas da área, educadores,
secretários e técnicos do MEC, além do ministro da Educação, Fernando Haddad.
“Dados dos
últimos quatro anos mostram reação dos anos iniciais do ensino fundamental,
cujo influxo deve ser sentido nos anos finais”, disse. “Já na educação
superior, estamos investindo na regulação do ensino privado e tivemos 100% de
adesão ao Reuni”, exemplificou, referindo-se ao Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais.
Segundo
Haddad, o ensino médio não tem experimentado reações semelhantes devido à visão
segmentada das políticas de educação, que deram prioridade a algumas etapas de
ensino em detrimento de outras, gerando distorções no sistema educacional. O
ministro destacou que, pela primeira vez, o governo federal investe na educação
infantil, com recursos para a construção, só em 2008, de 484 creches e
pré-escolas na rede pública dos municípios e do Distrito Federal. “As chances
de se concluir o ensino médio aumentam em 32% se o aluno tiver acesso à
educação infantil.”
Participaram do encontro com Haddad, o ministro-chefe do
Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger; a secretária de educação básica, Maria do Pilar
Lacerda; o secretário de educação profissional e tecnológica, Eliezer Pacheco, técnicos do Ministério da Educação e
educadores.
Para Maria do
Pilar, a maior dificuldade para elevar a qualidade do ensino médio passa pelo
dilema de entender o perfil do alunado atendido pelas redes. “Temos alunos com
profundas diferenças sociais, os quais, ao mesmo tempo, têm muito mais acesso à
informação”, observou, em alusão ao fato de muitos desses estudantes,
independentemente da classe social, terem dificuldade de assimilar essa grande
quantidade de informações. Segundo a secretária, a escola precisa oferecer
elementos analíticos sólidos para que o aluno compreenda tanta informação. “No
ensino médio, são 12 disciplinas obrigatórias oferecidas a jovens que, muitas
vezes, não dominam totalmente a leitura.”
Os
especialistas presentes chamaram a atenção também para o perigo de se tratar
todo o sistema a partir de resultados médios. “A média é boa para apontar
problemas, mas é preciso verificar cada caso”, disse o professor Enio Candotti, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Exemplo — A
bem-sucedida experiência do Colégio Pedro II foi o exemplo citado pelo diretor
Wilson Chieri, que conseguiu mudar o perfil da
instituição ao ampliar o acesso de alunos pobres sem prejuízo da qualidade do
ensino. Hoje, o colégio, que festeja 148 anos, conta com 12 mil alunos em seis
bairros do Rio de Janeiro e em Niterói (RJ). “Pedi aos professores que
dedicassem seis meses de reciclagem aos alunos que vinham das favelas”,
revelou. Entre as medidas tomadas para oferecer ensino de qualidade a
estudantes de todas as classes sociais, o diretor instituiu o ensino de nove
anos, antes da obrigatoriedade determinada pelo governo federal, e reforçou a
alfabetização.
O ministro
Mangabeira Unger propôs a adoção de padrões nacionais
de qualidade, a serem seguidos pelas redes locais a partir de um sistema
nacional de avaliação e monitoramento, da redistribuição de recursos e de
quadros de profissionais das regiões mais estruturadas para as menos
favorecidas, além da ajuda aos sistemas locais que tenham dificuldades para
alcançar padrões mínimos de qualidade.
O ministro da
Educação ressaltou que ações importantes são desenvolvidas na direção do
fortalecimento do ensino médio, como a expansão da rede federal de educação
profissional e tecnológica, que oferece disciplinas regulares combinadas à
formação técnica na modalidade do ensino médio integrado. Citou ainda os
recursos do Fundo da Educação Básica (Fundeb), a nova
escola técnica aberta do Brasil, que oferecerá educação a
distância, e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e adultos (Proeja), que permite o retorno aos estudos de jovens e
adultos que abandonaram a escola, atraídos pela formação profissional aliada ao
ensino médio.
Maria Clara Machado
http://www.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9743&interna=6