Mineiros entre os melhores

12/09/2011

 

Estado tem quatro das 10 escolas de maior destaque no último Enem, mas ranking reforça a diferença de desempenho nas redes: apenas uma dessas instituições é pública
Junia Oliveira e Glória Tupinambás O desempenho de Minas garante excelência na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quatro escolas mineiras estão entre as 10 melhores do Brasil e o estado ainda pode se orgulhar de ter a única instituição pública no seleto grupo das 20 maiores notas de todo o país. Os dados apontam o Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, como o quarto colocado nacional, seguido pelo Colégio Santo Antônio, também da capital. Em oitavo lugar no ranking está o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Coluni, na Zona da Mata, e em décimo, o Coleguium, de BH.

A lista se refere ao desempenho por escola na última edição do Enem, aplicado em novembro do ano passado a 3,2 milhões de candidatos. As notas, a serem oficializadas hoje pelo Ministério da Educação (MEC), estão numa escala que varia de 0 a 1.000. O resultado é composto pela média das provas de redação e de múltipla escolha nas áreas de linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. Pela primeira vez desde a criação do exame, o MEC divulga a taxa de participação dos alunos na prova por instituição de ensino.

Em tendência reforçada nas últimas edições do Enem, apenas instituições de ensino privadas ou as federais, que apesar de gratuitas têm processos seletivos rígidos para o ingresso de alunos, encabeçam o ranking no Brasil, em Minas e em Belo Horizonte. O diretor de ensino do Bernoulli, Rommel Fernandes Domingos, acredita que a fórmula do sucesso está no trabalho continuado, composto pela qualidade dos professores e por uma carga horária elevada. São mais de 200 dias letivos no colégio. Os alunos do 3º ano têm aulas das 7h às 12h40 e, à tarde, três vezes por semana. No sábado, além de aulas pela manhã, há simulados no estilo do Enem no período da tarde. “A carga de trabalho é cansativa, mas diminui a ansiedade do vestibular, porque gera conhecimento e, assim, traz segurança e menos estresse na hora da prova”, diz.

Os estudantes não reclamam. Os colegas Carlos Henrique Diniz, Vanessa Aquino Chaves, ambos de 17 anos, e Fernanda Belloni Rocha Daguer, de 16, candidatos a uma vaga em medicina, concordam com o diretor do colégio. “A qualidade dos professores é um ponto forte e a carga horária pesada é fundamental para o bom desempenho”, diz Carlos Henrique. Para Fernanda, tamanha cobrança reflete no maior comprometimento dos alunos. Vanessa é categórica: “Confio na escola”. RESPONSABILIDADE O diretor geral e pedagógico do Colégio Santo Antônio, frei Jacir de Freitas Faria, ressalta que o reconhecimento da qualidade é fruto do estímulo à autonomia combinada com a responsabilidade do aluno e o suporte pedagógico com acompanhamento personalizado. “A nossa formação é humana e integrada, com oficinas de cidadania e convivência, que permitem ao estudante sair do colégio para ter contato com outras realidades”, afirma. Hoje no 2º período de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Igor Campos Viana, de 18, foi um dos que ajudaram a colocar a escola entre as primeiras no ranking do Enem. Depois de toda a tensão, a prova que garantiu a entrada na maior universidade pública do estado é agora apenas uma lembrança dos tempos de ansiedade pura. De volta ao colégio para trabalhar como disciplinário, Igor dá ainda mais valor à conquista de uma vaga num dos cursos mais concorridos: ele fez todo o ensino médio com uma bolsa de estudos. “É importante haver um exame nacional, facilitar o acesso às universidades e a mobilidade para outros estados. Mas, como esse processo ainda está no início, é bom melhorar alguns pontos para evitar problemas, como os vistos nos últimos anos”, relata.

 

Estado de Minas