Mercadante
defende revisão curricular no ensino médio
14/08/2012
Discutir
o currículo do ensino médio e a falta de formação continuada dos professores é
uma tarefa urgente para mudar os baixos índices de qualidade educacional dessa
etapa, na opinião do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. O ensino médio
teve o pior desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011.
Os
resultados do Ideb, criado em 2005 para mensurar o
desempenho do sistema educacional do País, foram divulgados pelo Ministério da
Educação na tarde desta terça-feira. Mercadante comemorou os dados das séries
iniciais do ensino fundamental, que cresceram e alcançaram a meta prevista para
2011. No entanto, precisou encontrar explicações para a quase estagnação da
etapa que antecede a entrada no ensino superior.
“O
ensino médio atingiu a meta, mas não superou. Esse é o grande desafio do
sistema educacional brasileiro. É um problema que temos de enfrentar com
prioridade”, afirmou. Segundo o ministro, a quantidade de disciplinas
obrigatórias do currículo do ensino médio prejudica e dificulta a aprendizagem
dos alunos. “Há questões que precisamos discutir”, disse.
Para
Mercadante, além dos currículos, as redes responsáveis pela oferta do ensino
médio precisam avaliar as dificuldades do ensino noturno (que possui muitos
alunos dessa fase, segundo ele) e a falta de investimento na formação
continuada dos professores.
“Ainda temos muitos docentes que não têm formação das disciplinas que lecionam.
Temos de investir na educação integral e no Pronatec
(programa que dá cursos técnicos a jovens)”, ponderou.
Sucesso: Ceará é o
Estado que mais superou as próprias metas no Ideb
As
metas do ensino médio são mais modestas: sair de 3,4 em 2005 para 3,7 em 2011.
A média nacional chegou ao objetivo, mas as desigualdades entre os Estados
nessa etapa são evidentes. Dos 27 Estados, 11 não alcançaram as notas propostas
para o ano passado. São eles: Acre, Roraima, Pará, Amapá, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Distrito
Federal.
Alguns,
ainda perderam notas em relação à última avaliação, como Alagoas (que caiu de
3,1 para 2,9), o Espírito Santo (caiu de 3,8 para 3,6) e o Rio Grande do Sul,
que caiu de 3,9 para 3,7. Mercadante não quis comentar resultados específicos
de cada estado, por causa da proximidade com as eleições. “Cada gestor precisa
aprofundar suas análises agora”, disse.
O
Ideb varia de 1 a 10. Cada escola,
município, Estado e o Brasil tem metas próprias para serem atingidas de
dois em dois anos. A expectativa é de que, em 2021, as escolas das séries
iniciais (até a 4ª série) alcancem nota 6, desempenho
considerado semelhante ao de sistemas educacionais de países desenvolvidos.
Futuro
Na
avaliação do ministro, alguns programas já adotados pelos sistemas de ensino
servirão de impulso às redes para acelerar o aumento da qualidade de ensino no
futuro. Ele citou o Mais Educação, que investe em
educação integral, os programas de formação dos professores e os de livro
didático como exemplos.
Ele
defendeu ainda que, nas séries finais do ensino fundamental, etapa em que o
crescimento também é lento em relação aos anos iniciais, que atingiram nota 5 e superaram as metas estipuladas pelo País, haja mais
projetos de reforço escolar nas redes de ensino.
Para
Cleuza Repulho, presidente da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), as redes
municipais estão investindo na melhoria do ensino e colhendo resultados. “Vemos
bons resultados em pequenas e grandes cidades. Precisamos entender o que essas
redes têm feito de positivo para alcançarem esses resultados”, disse.
Ela
acredita que a falta de professores, especialmente de exatas, nas séries finais
do ensino fundamental têm prejudicado as redes. “A gente percebe que nos
estados em que há um forte regime de cooperação entre as redes– e que ninguém
disputa o aluno por causa do recurso que é distribuído – os resultados são
muito melhores”, afirmou.
Aumentar
os recursos, para ela, também é fundamental. “A gente só faz boa educação com
professores recebendo salários adequados, infraestrutura que funcione e criança
que aprenda. Isso necessita de dinheiro e por isso defendemos tanto a
destinação de 10% do PIB para a educação. Melhorou, mas ainda falta”, avaliou.
Priscilla
Borges - iG Brasília - iG Último Segundo - São Paulo, SP