Melhores
e piores candidatos serão mais afetados por anulação
02/11/2011
Segundo
especialistas ouvidos pelo 'Estado', dificuldade de discriminar os estudantes
ficará mais evidente nas pontas
Anular
13 questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) afetará de forma desigual
os candidatos, prejudicando os mais competitivos. Além da indefinição do
impacto nas notas dos alunos, a prova de Ciências da Natureza, que teve cinco
questões anuladas pela Justiça, fica mais comprometida. "Com menos de 40 questões,
é complicado discriminar os desempenhos de candidatos muito parecidos",
explica o professor Dalton Francisco de Andrade, do Departamento de Informática
e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo ele, cada
prova, de 45 questões, tem uma régua de desempenho de acordo com a Teoria de
Resposta ao Item (TRI). A TRI é um conjunto de modelos
matemáticos adotado pelo Enem que permite que estudantes com o mesmo número
absoluto de acertos possam ter notas finais diferentes. A dificuldade desses itens e o desempenho de cada
candidato são decisivos para a nota. "O grande problema é se em uma das
provas os itens cancelados tiverem a mesma dificuldade", diz Andrade.
Além
das cinco questões de Ciências da Natureza, foram anuladas três de Ciências Humanas,
uma de Linguagens e quatro de Matemática. Na versão amarela, são as questões
32, 33, 34, 46, 50, 57, 74 e 87 (aplicadas no sábado) e 113,
141, 154, 173 e 180 (domingo). O professor Tufi
Machado Soares, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF), destaca que o efeito da anulação das
questões foi pulverizado, por afetar poucas questões de cada disciplina.
"Se fossem 13 questões só de Matemática, por exemplo, a distorção seria
mais grave." Para especialistas
ouvidos pelo Estado, a TRI é mais capaz de distinguir as diferenças entre os
candidatos que o método tradicional quando há anulação de itens. Mas os que
acertaram as 13 questões, ou a maior parte delas, serão mais prejudicados. E
haverá uma dificuldade para discriminar candidatos com desempenhos muito bons
ou parecidos. "Quem acertou as 13 vai ser prejudicado e quem errou, beneficiado. Isso ocorreria independentemente da
TRI", diz o professor Dani Gamerman, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "A dificuldade de
discriminação vai aparecer somente nas pontas, entre os melhores e piores. Mas
será pouco. Apesar de defender oficialmente a manutenção das questões no País,
o Ministério da Educação afirma que, pela TRI, o
cancelamento não afeta o Enem.
Cedê
Silva, do Estadão.edu, e Paulo Saldaña, de O Estado
de S. Paulo
O Estado de São Paulo - São Paulo SP