A Gazeta, 23/06/2004 - Vitória ES
MEC volta a integrar ensino médio e
técnico
Brasília – As antigas escolas de ensino técnico vão voltar. Nos próximos dias, o Ministério da Educação vai publicar um decreto permitindo a integração do ensino médio com o técnico, uma possibilidade que havia acabado com a reforma de 1997 e que separou as duas modalidades de ensino. Os Estados poderão voltar a ter escolas em que, obrigatoriamente, o ensino médio será junto com o técnico. Mas os dois sistemas – integrado e separado – poderão conviver. Antes da reforma, o ensino técnico de nível médio era dado apenas nas escolas de ensino médio profissionalizante. Uma pessoa que já tivesse terminado a escola, por exemplo, teria que cursar de novo o ensino médio se quisesse o diploma profissionalizante. A mudança permitiu mais flexibilidade ao sistema mas, na avaliação do MEC, dificultou o acesso dos estudantes ao ensino técnico.
Mais vagas - Com a mudança, avalia o secretário de ensino técnico, Antonio Ibañez, aumentará o acesso dos jovens. "Hoje, de cada cinco estudantes que saem do ensino médio apenas um entra na universidade. Sobram 1,6 milhão. E só temos 600 mil vagas no ensino profissionalizante. Os demais vão para o mercado de trabalho, mas sem uma formação específica", afirma o secretário. Ao colocar o ensino profissionalizante nas escolas regulares, o MEC espera ver crescer a oferta de vagas. Ibañez cita uma pesquisa de opinião feita há alguns meses em que, perguntados o que esperavam que o Governo fizesse pelo emprego, 20% dos entrevistados pediram mais vagas no ensino profissionalizante. Atualmente, o sistema prevê que o aluno possa cursar o ensino médio em uma instituição e o técnico na mesma ou em outra, mas só recebe o diploma profissionalizante quando termina o ensino médio. O problema, segundo o MEC, é que esses mesmos alunos disputam vagas com pessoas que já terminaram a escola e resolveram voltar para fazer apenas o técnico. Com a mudança e os dois sistemas, segundo o ministério, haverá mais escolas oferecendo esse tipo de ensino e algumas irão atrair apenas quem precisa fazer o ensino médio também.
Governo enfrentará resistência - Segundo secretário de ensino técnico, Antonio Ibañez, o Ministério da Educação trabalha com a meta de 2 milhões de vagas, o que daria, hoje, para matricular todas os concluintes do ensino médio. No entanto, o número de jovens nesse nível de ensino ainda está longe da universalização e tende a aumentar muito nos próximos anos. Justamente pela necessidade de crescimento do ensino médio, o MEC espera enfrentar resistência dos Estados – responsáveis pelos sistema educacional – para implementar a mudança. Alterar o atual sistema significa investir não apenas em mais escolas de ensino médio, mas também criar novas escolas específicas quando os governos estaduais já reclamam que não têm dinheiro nem para sustentar o que existe. Mais uma vez, a esperança de conseguir recursos cai na criação do Fundo do Ensino Básico, que servirá para financiar a educação – desde a infantil até o ensino médio. "Com o Fundeb os Estados terão mais recursos para financiar essa expansão, inclusive do ensino técnico.