MEC
recorrerá de decisão que dá direito a ver redação do Enem
17/05/2012
O
MEC (Ministério da Educação) vai recorrer da decisão da Justiça que garante a
um candidato do Ceará direito a ver a correção da redação do Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio) e a pedir revisão da nota
Iago
Técio da Silva de Sousa é o primeiro estudante --ao
menos no Nordeste-- a conseguir direito de acessar o espelho digitalizado da
redação com as correções da banca. Depois que receber o exame, o jovem tem 48
horas para recorrer da nota.
A
decisão foi tomada pela segunda turma do TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª
região) na semana passada. O relator do agravo de instrumento, desembargador
Francisco Wildo Dantas, escreveu que essas medidas `representam o exercício do direito ao contraditório
e à ampla defesa`.
Em
nota, o MEC declarou que estuda a defesa e não informou quando ingressará com o
recurso.
Esta
é a segunda vez que o governo federal recorre da ação movida pelo estudante. O
jovem já havia ingressado com uma ação contra o Inep
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), responsável pela
prova.
A
Justiça Federal no Ceará concedeu liminar garantindo o direito de acesso ao
exame, mas o Inep recorreu ao TRF, alegando que o
edital daquele ano não garantia acesso às provas.
O
Inep também disse que o exame é um instrumento de
avaliação e que não aprova ou reprova ninguém.
O
instituto afirmou ainda que já havia firmado com um TAC (Termo de Ajustamento
de Conduta) por meio do qual se comprometia a garantir vista das provas e prazo
para recurso aos candidatos a partir do exame deste ano.
O
TRF entendeu que, apesar de o Enem não ter caráter de concurso público, tem
sido utilizado como elemento de aprovação para universidades. O tribunal
afirmou também que o TAC não revoga o direito dos estudantes de buscar seus
direitos.
O
TRF já havia julgado duas ações referentes ao Enem. Em novembro de 2011, o
tribunal suspendeu a liminar da Justiça Federal no Ceará que determinava o
cancelamento de 13 questões do Enem para todo o país, após vazamento entre
alunos de um colégio em Fortaleza.
Em
janeiro, suspendeu outra liminar que, dessa vez, liberava o acesso às provas e
correção das redações do Enem 2011 para todos os candidatos do país, permitindo
apenas ações individuais, como a do estudante cearense.
DANIEL CARVALHO
Folha de São Paulo - São
Paulo, SP