MEC quer tornar ensino médio obrigatório
Folha de São Paulo, 30/10/2008 - São Paulo SP
ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Proposta, que já está com o presidente Lula, inclui a pré-escola; atualmente, lei prevê obrigatoriedade só para o ensino fundamental. Discussão começou no mês passado, quando o Brasil foi cobrado pelo Unicef; Estados e municípios serão os mais afetados com a medida.
O Ministério da Educação quer tornar obrigatório o ensino para crianças de quatro a 17 anos, o que abrangeria a pré-escola e o ensino médio. A proposta já foi encaminhada, por escrito, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro Fernando Haddad (Educação). Atualmente, a lei prevê obrigatoriedade só para o ensino fundamental -de seis a 14 anos nos Estados e municípios que adotaram o ensino fundamental de nove anos, e de sete a 14 anos onde a lei não foi implantada (o prazo vai até 2010). Caso não ofereça a vaga, o Poder Público pode ser responsabilizado civil e criminalmente. O mesmo ocorre com os pais, no caso de eles não matricularem seus filhos. A ampliação da regra viria por meio de uma proposta de emenda constitucional. Haveria também um prazo de transição, que será discutido pelo ministro com secretários da Educação de Estados e municípios. Ontem, Haddad disse considerar adequado um período de cinco a seis anos.
A discussão em
torno da obrigatoriedade começou no mês passado, quando o Brasil foi cobrado a
adotá-la pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em reunião
Recursos - O ministro diz crer que a obrigatoriedade é viável com os recursos do Proinfancia, programa da pasta para financiar a construção de creches e pré-escolas, e do Fundeb (fundo para a educação básica). O fundo conta com investimentos, principalmente, de Estados e municípios. A União participa direcionando recursos às unidades mais pobres da federação. Segundo Salete Silva, coordenadora do programa de educação do Unicef no Brasil, representantes dos Estados participaram da discussão sobre o tema no Chile. E o que eles acharam? "Eles ficam super preocupados, porque uma coisa é exigir, a outra é ter que botar as coisas para funcionar", diz. Ela defende, no entanto, que há viabilidade financeira para implantar a medida, já que o Fundeb prevê valores mínimos de investimento por aluno, mas não um limite do número de estudantes. "Se for necessário, a União vai ter que bancar", diz.