O Dia, 01/09/2003 - Rio de Janeiro RJ
MEC quer pôr fim ao Enem
Autoridade diz que exame realizado ontem não ajuda estudantes pobres
Estudantes de todo o País fizeram ontem, das 13h às 18h, a prova do sexto Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Muitas das 63 questões múltiplas escolha abordaram temas gerais, fugindo um pouco do conteúdo das disciplinas. Os participantes receberão o resultado em novembro, pelos Correios. Dos 1.876.387 inscritos, 148.245 são do Rio. O gabarito pode ser conferido na Internet (http://www.gabaritoenem.inep.gov.br).
A grande adesão dos alunos, porém, não foi comemorada no Ministério da Educação (MEC). O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Araújo, não vê motivos para que o Enem continue sendo aplicado. "Não ajuda os mais pobres a ingressar na instituição pública", diz Araújo. Segundo ele, o MEC vai começar o mais breve possível a analisar resultados para decidir o destino do exame no ano que vem. Aumentar o acesso dos pobres à universidade pública foi justamente o motivo alegado pela gestão de Paulo Renato Souza, ao incentivar a utilização da nota do Enem em vestibulares. O número de participantes, que era de 350 mil em 2000, pulou para 1,2 milhão no ano seguinte. Escolas com forte presença podem pedir boletim. Atualmente, 427 instituições de Ensino Superior utilizam os resultados do Enem em seus vestibulares. As escolas que tiveram mais de 90% dos alunos de 3ª série do Ensino Médio presentes ao Enem poderão solicitar um boletim com a média de seus estudantes. O documento traz as notas médias do País, possibilitando comparação.
Alunos do Colégio Pedro II, no Humaitá, Alvaro Gomes, 17 anos, André Giserman, 18, Anderson de Souza, 18, e André Rangel, 18, aprovaram a avaliação. "É bom para testar nossos conhecimentos", disse Alvaro. "As questões estavam em cima de temas gerais. É preciso estar por dentro do ocorre no Brasil e no mundo", afirmou Anderson. O tema da redação foi "A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?". Os estudantes fizeram a dissertação a partir de dois textos e um quadro que mostrava os gastos com a segurança.