MEC
admite anular questões do Enem para mais alunos de
Fortaleza
20/12/2011
Ministério
espera indícios mais fortes em apuração da PF para anular questões de
estudantes do cursinho Christus
O
Ministério da Educação pode anular questões do Enem também para alunos do
cursinho do Colégio Christus, de Fortaleza. A decisão depende de investigação
da Polícia Federal, ainda em andamento. Desde o começo de novembro, 14 questões
estão anuladas apenas para 639 alunos do 3º ano desse colégio. Reportagem
publicada pelo site da revista Veja na sexta-feira mostrou trechos de inqúerito
da PF, segundo o qual dois estudantes do curso pré-vestibular, Amanda Galdino
Carneiro e Robert Pouchain Ribeiro Neto, ambos de 20 anos, confirmaram o
recebimento das mesmas apostilas distribuídas aos alunos do curso regular do
colégio. Diante do delegado da PF, Amanda afirmou, segundo registro do
inquérito em andamento: "(...) o terceiro ano regular funciona na mesma
sala do cursinho pré-vestibular, portanto, os alunos do terceiro ano do ensino
médio e os alunos do curso pré-vestibular tiveram acesso ao mesmo tipo de
material fornecido pelo colégio para a preparação do Enem 2011".
O
testemunho de Amanda foi confirmado pelo colega Robert, que acrescentou que
"não chegou a resolver as questões, sendo certo que ao saber que em torno
de nove das questões caiu (sic) no primeiro dia de prova decidiu estudar os
dois cadernos da matéria do dia seguinte (...)." No dia 26 de outubro,
três dias após o Enem 2011, o Estadão.edu mostrou que alunos, inclusive de fora
do Christus, já discutiam as questões idênticas na rede desde sábado, primeiro
dos dois dias de prova do Enem.
O
inquérito da PF também mostrou que os fiscais do pré-teste aplicado no
Christus, em outubro de 2010, não apenas foram contratados pelo próprio Colégio
Christus, como "mantinham laços profundos com a instituição": todos
foram ex-alunos ou estudam na Faculdade Christus. Ontem, o procurador Oscar
Costa Filho requeriu à Justiça Federal que dê 72 horas ao MEC para informar
quais procedimentos estão sendo tomados em relação à investigação da PF e para
identificar os alunos que tiveram acesso às questões antecipadas. "O MEC
está fazendo isso (investigando) em segredo", disse o procurador hoje.
"Só o Christus tem o nome desses alunos -
vamos ter que contar com a colaboração deles para investigar".
Histórico
- Em 26 de outubro, o Estadão.edu revelou em primeira mão que um álbum no
Facebook mostrava questões de um simulado do Colégio Christus idênticas a
algumas das perguntas da prova. No mesmo dia, o MEC cancelou a prova (inteira)
para os 639 alunos do 3º ano desse colégio. O MEC havia decidido reaplicar o
Enem aos alunos do Christus nos dias 28 e 29 de novembro, quando a prova é
aplicada em presídios. Mas o Ministério Público Federal do Ceará entrou com
ação judicial para anular a prova em todo o Brasil - ou pelo menos as questões
repetidas. A Justiça Federal no Ceará optou por anular 13 questões no País
inteiro. O MEC recorreu, e o desembargador do TRF da 5ª região determinou a
anulação de 14 (não 13) questões apenas para os alunos do 3º ano do Christus,
que também possui um cursinho pré-vestibular. No dia 11 de novembro, o MPF
protocolou novo recurso, solicitando a cassação da decisão do TRF-5, para que
vigorasse a decisão anterior da Justiça Federal do Ceará.
Cedê Silva e Lorena
Amazonas - Especial para o Estadão.edu
O Estado de São Paulo - São Paulo SP