Mauá quer disponibilizar cursos técnicos para alunos
da EJA
19 de novembro
de 2011
O
município de Mauá estuda levar cursos de qualificação para os alunos da
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Este é um dos projetos previstos para serem
executados em 2012 pela secretária de Educação de Mauá, Margaret Franco Freire,
que concedeu entrevista ao Repórter Diário.
A
titular da pasta de Educação anunciou, ainda, a construção de três escolas e
falou dos principais desafios que Mauá enfrenta na área. Entre eles, a
adequação ao Plano Nacional de Educação, que envolve, entre outros itens, a
ampliação da carga horária dos alunos. Freire falou ainda que não está previsto reajuste salarial para os professores.
Repórter Diário
- Quais são os maiores desafios de Mauá na Educação?
Margaret Freire
- Um dos grandes desafios de Mauá enfrenta é o atendimento de 0 a 3 anos e a Educação de Jovens e Adultos, com evasões
expressivas no decorrer de cada semestre, o que é preocupante.
RD - A falta de
vagas é um dos principais problemas na educação infantil?
Margaret – É um
grande desafio, porque ainda temos lista de espera, não só de creches, mas na
educação infantil. As novas construções previstas para serem entregues no
início de 2012 darão condições para que a lista de espera de 4 a 5 anos seja zerada. Porém, o déficit de vagas de 0 a 3 anos ainda deve persistir por mais tempo.
RD - Onde serão
instaladas as novas escolas?
Margaret – As
escolas já estão em construção. Uma será erguida no jardim Zaíra e vai atender
850 crianças. A outra vai funcionar no jardim Olinda, para cerca de 650
crianças, e na Vila Assis, que também vai beneficiar cerca de 650.
RD - Qual é o
déficit de vagas?
Margaret – A
central de vagas, que faz parte do sistema de gerenciamento de dados da
Secretaria de Educação, recebe as solicitações dos pais e também a demanda das
escolas da cidade. O levantamento do sistema mostra que 3,8 mil crianças de 0 a
3 anos estão aguardando vagas em Mauá e 380 crianças
de 4 a 5 anos também esperam.
RD - A demanda
leva em conta a procura de alunos de outros municípios que estudam ou pretendem
estudar em Mauá?
Margaret – O
preenchimento de vagas de 4 a 5 anos é feito levando
em conta o critério de que a criança deve ser moradora de Mauá. Matriculamos os
mais velhos e as crianças que residem no município. No entanto, se a criança de
outro município conseguiu a vaga no passado, não vamos retirar.
RD - A
secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho,
propôs um censo para levantar o número de alunos que estudam em escolas de
outras cidades. Qual sua opinião?
Margaret -
Pensando em políticas públicas, a ideia é
interessante. Não abrimos inscrição para alunos de outras cidades. Mas,
principalmente em escolas que ficam em limites de municípios, temos crianças de
cidades vizinhas atendidas. O jardim Esperança, que faz divisa com Ribeirão
Pires, e o Jardim Sonia Maria, perto de Santo André e São Paulo, são exemplos.
Se o fenômeno acontece em Mauá, também ocorre em escolas de outros municípios.
RD - Qual será o
impacto do Plano Nacional de Educação na cidade?
Margaret – Mauá
já possui um Plano Municipal de Educação, revisado recentemente. Tivemos todos
os cuidados de elaborar as metas de acordo com o Plano Nacional. No Plano
Nacional, uma que nos preocupa é a ampliação da carga horária do aluno. Passar
para 5 horas, como prevê o texto, será grande desafio para Mauá. Hoje, ainda
trabalhamos com três períodos na educação infantil e nossas crianças ficam 3
horas e meia na escola. A ampliação da carga horária seria fator que
dificultaria o combate ao déficit de vagas de 4 e 5
anos.
RD - O aumento
de repasse do Fundeb, previsto no programa federal
‘Mais Educação’, é suficiente para viabilizar a ampliação da carga horária nas
escolas?
Margaret – Não.
O Fundeb é imprescindível e não dá pra pensar na
educação sem o Fundo. Mas a contrapartida do município ainda fica muito pesada.
RD - Há espaço
para ampliação do ensino técnico em Mauá?
Margaret – Temos
escolas técnicas na cidade, como a Etec e outras
escolas privadas. Estamos estudando levar essa orientação profissional para os
nossos alunos da EJA. Hoje falta mão de obra no mercado e os estudantes do EJA
têm baixa escolaridade, o que dificulta a inserção no mercado de trabalho. A
carga horária será menor que os cursos técnicos de um ano e meio.
RD – A gestão
Oswaldo Dias pretende reajustar salário dos professores?
Margaret – Nosso
piso de Mauá não está muito fora do que é o piso ideal. A cidade tem problema
financeiro muito grave. Destinar 25% do orçamento é sacrifício em detrimento
das demais pastas. Além disso, já estamos investindo muito na folha de
pagamento do magistério. Não há política de reajuste para nossos professores, a
não ser que ocorra um boom no orçamento.
RD - A
Prefeitura pretende realizar concurso para contratação de professores?
Margaret – Nós
fizemos, em 2010, concurso para professores e hoje contamos com 980
profissionais. Com as novas escolas, vamos precisar chamar alguns que passaram,
mas estavam na lista de espera.
RD - Mauá estuda
municipalizar escolas estaduais?
Margaret -
Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Mauá fazem parte de uma diretoria de
ensino na qual não houve municipalização total. Em Ribeirão Pires, a questão
avançou um pouco porque lá há alguns prédios próprios a mais, mas em Mauá só
temos uma escola de ensino fundamental municipalizada. Desde 2009, a educação
municipal assumiu o primeiro ano, numa ação compartilhada com o Estado. A
partir do segundo ano o Estado assume todas as crianças. Hoje, com o governo
Alckmin, nossa relação de diálogo com a Secretaria de Educação melhorou. Agora
é possível realizar ação compartilhada. O Estado vai assumir 40 turmas do nosso
primeiro ano.
Tiago Oliveira
Fonte: