Jornal da Tarde, 17/03/2003 - São Paulo SP

Mais chances para o aluno da escola pública

 

Criar uma nova avaliação, fornecer livro didático, tornar o ensino médio obrigatório e até fornecer uma bolsa-escola para os jovens, além de criar o quarto ano, são as armas do secretário de Ensino Médio e Tecnológico    Criar uma nova avaliação, fornecer livro didático, tornar o ensino médio obrigatório e até fornecer uma bolsa-escola para os jovens, além de criar o quarto ano, são as armas do secretário de Ensino Médio e Tecnológico particulares na hora do vestibular. Mas nenhuma medida será tomada antes de passar por uma ampla discussão, garantiu em entrevista ao JT.

 

JT - A Reforma do Ensino Médio já prevê que 25% das disciplinas sejam optativas nos três primeiros anos. Ela não coincidirá com o quarto ano?

Ruiz - Acho muito importante que a reforma seja implementada e não acredito que o quarto ano será repetitivo. Os 25% dos primeiros anos deverão ser preenchidos com optativas que formem o jovem como cidadão e as optativas do quarto ano serão focadas no vestibular ou no mercado de trabalho. Não se preocuparão tanto com a formação moral.

 

E por que a Reforma ainda não foi implementada?

Acho que a discussão com os dirigentes de ensino e com os professores foi limitada. Eles não sabem direito por onde começar. Foi um erro estratégico. Mas estamos dispostos a fazer a implementação. Até porque não dá para fazer a reforma de uma reforma que não houve.

 

E como isso será feito?

Vamos qualificar os professores e ensiná-los a trabalhar de forma interdisciplinar.

 

A Reforma e o quarto ano melhorariam a qualidade do ensino médio?

Acho que precisamos mudar e essas mudanças precisam começar a ser discutidas agora. Temos de pensar em uma nova forma de avaliação do ensino médio - talvez tornar o exame no fim do terceiro ano obrigatório a todos os alunos para que tenhamos um raio X de cada escola, de cada rede -, além de garantir que pelo menos o primeiro ano seja obrigatório, distribuir livro didático para esses estudantes, criar uma bolsa-escola para eles, atacar o problema da falta de professores, tornar a interdisciplinaridade uma prática real. O quarto ano não será um milagre. Não vai recuperar o que não foi dado nos três primeiros e é por isso que temos de melhorar a qualidade no todo.

 

Quanto custaria o quarto ano?

Gastaríamos um terço a mais do que gastamos hoje. Mas não tenho esse número agora. Vai ser um impacto grande nos Estados e sabemos que eles não têm esses recursos, mas o MEC está estudando formas de ajudá-los.

 

Quem decidirá se a extensão do ensino médio ocorrerá? E quando ela pode começar?

Vamos tomar uma atitude conjunta. O MEC vai ouvir alunos, pais, professores, secretários de Educação, especialistas. Não decidiremos nada de forma autoritária. Estudaremos os custos e montaremos uma proposta viável. É por isso que ainda não temos datas para essa proposta.