Luta contra o analfabetismo

Brasil reafirma compromisso internacional em reduzir o número de pessoas no país que não sabem ler nem escrever

Estado de Minas, 07/12/2009 - Belo Horizonte MG

Renata Mariz

 

Brasília – Primeiro a negativa do pai, que temia ver as filhas escrevendo bilhetes aos homens da cidade. Depois, a baiana Valdete de Sousa Leite migrou para Brasília e teve oito filhos. A luta diária para dar uma vida decente à prole adiou o sonho de saber juntar letras e reconhecê-las como palavras. “A coisa mais linda que eu achava era ver as pessoas lendo a Bíblia na hora da reza”, conta. Hoje, aos 62 anos, ela frequenta uma turma de alfabetização e já consegue acompanhar as orações na igreja. A mulher pode se considerar uma vitoriosa, especialmente porque, no Brasil, quase um terço da população na faixa etária de Valdete – 60 anos ou mais – não sabe ler nem escrever.   Enquanto o país avança na educação infantil, com redução de 12,3% para 7,3% de crianças analfabetas entre 2000 e 2008, no mesmo período, o problema entre pessoas com idade superior a 15 anos diminuiu apenas três pontos percentuais — 12,9% para 9,9%. Dos 50 anos em diante, o índice dos que não sabem sequer assinar o próprio nome é superior a 20%.

Um encontro encerrado na sexta-feira sobre educação de adultos, hoje um dos maiores desafios do ensino no Brasil, reuniu mais de 40 ministros de Estado da área e delegações de 156 países em Belém (PA). O documento final da conferência reafirmou o compromisso acordado   em 2000, no Fórum Mundial de Educação, em  Dakar, de reduzir oanalfabetismo entre pessoas com idade superior a 15 anos em 50% até 2015. Isso significa, para o Brasil, cair dos atuais 9,9% para 6,75% – cerca de três pontos percentuais nos próximos seis anos. Tarefa difícil se o ritmo atual se mantiver, uma vez que esse mesmo índice de redução (três pontos percentuais) foi obtido nos últimos oito anos. Para acelerar o processo, André Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC), pretende fortalecer uma articulação com outras pastas. Este ano, foram quase 5 milhões de matrículas na educação de jovens e adultos no país.