Livro polêmico fica, diz MEC
19/05/2011 - Joinville SC
Obra entregue em escolas permite erros de concordância e divide opiniões Ao apresentar e defender construções como “os livro” e “os peixe” em um livro didático como “variedades de fala popular”, o Ministério da Educação (MEC) causou polêmica entre educadores e especialistas. Ontem, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que o MEC não recolherá o livro, distribuído a 484.195 alunos de 4.236 escolas. “Já foi esclarecido que as pessoas que acusaram esse livro não tinham lido. Uma pena que as pessoas se manifestaram sem ter lido”, afirmou.
Após o repúdio inicial, porém, aparecem defensores da escolha. Considerando que a obra “Por uma Vida melhor”, da coleção “Viver, Aprender”, é destinada aos alunos do ensino de jovens e adultos (EJA), há quem defenda a abordagem para atrair e mexer com a autoestima desse nicho da sociedade. Doutora em linguística, Ana Maria Zilles afirma que a polêmica é descabida. Em outra ponta, professores da gramática se ofendem em ver um objeto de estudo dos alunos com erros de concordância. É a opinião do doutor em letras Cláudio Moreno.
Em meio ao debate, se levantou o temor de que a escrita fosse adaptada à fala das ruas. Com isso, manifestações como “os pé” e “os carro amarelo” poderiam ser incorporados à norma culta. Exemplos na história existem aos montes. A palavra “você” já foi “vossa mercê” no passado. Ontem, a Ação Educativa, organização responsável por elaborar o material, afirmou que o livro não deixa de ensinar a norma culta. Apenas indica que há “outras variedades diferentes”. Vera Masagão Ribeiro, coordenadora-geral da entidade, diz que os exemplares foram avaliados positivamente por doutores em educação do País.