Jovens brasileiros relutam em buscar formação técnica

30.06.2011

 

Apesar do aquecimento econômico e da crescente demanda por profissionais qualificados, o Brasil enfrenta grande dificuldade para atrair os jovens às formações que não sejam de bacharelado. "O país tem longa tradição, muito nefasta, de desvalorizar profissões manuais e uma grande parte da nova tecnologia está exigindo a preparação de pessoas que lidam bem com máquinas e equipamentos", analisa o professor José Pastore, especialista em recursos humanos e educação profissional da Universidade de São Paulo. "Esse preconceito está arraigado na cultura brasileira e não será rapidamente que vamos nos livrar dele".

                Pastore estima que nos próximos anos de 20% a 25% da força de trabalho brasileira, que ultrapassa 100 milhões de pessoas, seja requerida a realizar algum curso profissionalizante. "Com a oferta crescente de oportunidades de emprego e também com salários crescentes, como está ocorrendo agora, acredito que vamos vencer esse preconceito com mais velocidade do que até então fizemos", completa.

O diretor regional do Senai de Santa Catarina, Sérgio Roberto Arruda, observa que o Brasil deve criar 8 milhões de postos de trabalho até 2015, número equivalente ao de pessoas desempregadas. "O desafio será ter essas pessoas com a capacitação requerida pelo mundo do trabalho", salienta Arruda.

 

Cursos Técnicos

 

O grande problema está exatamente na formação de técnicos de nível médio. "O Brasil tem um índice de 588 matrículas em cursos técnicos para cada 100 mil habitantes, um índice muito inferior ao da Austrália, por exemplo, que lidera o ranking, com 4,87 mil", explica Arruda.

Também acima do Brasil estão países como Chile, Alemanha, França, México, Turquia, China, Rússia, Reino Unido, Coréia e Japão. O Brasil também tem um número relativamente baixo de estudantes de nível médio matriculados em cursos técnicos. São 8,7% dos brasileiros, contra 37,2% dos chilenos e 42,6% dos chineses.

Para José Pastore, "o Brasil vive um momento peculiar, com grande falta de mão de obra de nível médio e isso está se alastrando por todos os setores".

Segundo Arruda, a demanda por formação profissional de nível técnico em Santa Catarina é de 48 mil matrículas em 2011, elevando-se para 52,7 mil (2012), 56 mil (2013) e 56,8 mil (2014).

Em palestra no Seminário "Educação: Tendências e Perspectivas", promovido pelo Conselho Estadual de Educação (CEE/SC), Arruda salientou que a Educação Profissional destaca-se na nova ordem econômica mundial como fator estratégico com impactos na competitividade, no desenvolvimento humano, na qualidade de vida e no acesso de jovens e adultos no mercado de trabalho.

"As chances de uma pessoa obter emprego após passar por um curso de educação profissional aumentam 48% e de esse emprego ser com carteira assinada eleva-se em 38%", salienta Arruda, referindo-se a estudos divulgados pela Fundação Getúlio Vargas.

 

Fonte:

http://www.economiasc.com.br/index.php?cmd=consumidor&id=6772