> Folha de São Paulo, 10/09/2006 - São Paulo SP

Iniciativas estimulam projetos no ensino técnico

Bolsas de estudo e prêmios incitam presença de alunos no laboratório

Cássio Aoqui editor-assistente de empregos e carreiras / Mariana Bergel da Reportagem Local

 

 

Elaborar um projeto de pesquisa, definir o professor orientador e entrar com pedido de bolsa no CNPq ou na Fapesp. Essa seqüência, bem comum no ambiente universitário, começa a se tornar realidade em outros laboratórios: os do ensino técnico profissionalizante. Um termômetro do crescente estímulo à inserção desses estudantes no mundo dos experimentos é a quantidade de programas oferecidos por entidades de fomento à pesquisa e por universidades públicas. O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), por exemplo, acaba de lançar o Pibiti (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação), que concederá, a partir de março de 2007, bolsas de R$ 300 a alunos do ensino técnico. Para tanto, devem ter trabalhos orientados por pesquisadores de instituições cadastradas.

 

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) também tem um programa, o Capacitação Técnica, voltado a técnicos que se dedicam às atividades de treinamento e apoio ao desenvolvimento de projetos de pesquisa. As próprias escolas já oferecem incentivo aos jovens que queiram mergulhar nos laboratórios. Uma delas é o Cefet-SP (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo), que destina, com recursos próprios, R$ 6.000 anuais a bolsistas que desenvolvam projetos na busca de soluções tecnológicas. "Formar um cidadão implica pesquisa e extensão. Somente assim a educação é completa", analisa o diretor-geral do Cefet-SP, Garabed Kenchian.

 

Empregabilidade - Na avaliação do diretor da escola Senai Suíço-Brasileira, Osvaldo Lahoz Maia, o estudante que se envolve em pesquisa aplicada tem mais visibilidade no mercado de trabalho. "Priorizamos projetos com aplicação direta na indústria. Os alunos passam a ser conhecidos pelas empresas, e sua empregabilidade aumenta", avalia. No entanto, para ser indicado aos grupos de experimento, comenta Maia, é importante que o estudante se sobressaia em características que também são exigidas pelas empresas: proatividade, habilidade de trabalhar em equipe e facilidade para superar desafios. Foi com esse espírito que Rodrigo Müller, 18, estudante da Escola Técnica Estadual Lauro Gomes, formou uma equipe com dois colegas de sala para desenvolver um jogo de truco. Com a orientação de um professor, os três levaram um mês para criar o software, que lhes rendeu o terceiro lugar de um prêmio criado pela Microsoft. "Vou colocar no currículo, afinal, embora tenha recebido apenas um mouse, o que vale é a sensação de ter nossa idéia reconhecida", comemora.