Inep diz que não tem
como controlar uso de celular no Enem
24/10/2011
Após um repórter do
jornal O Globo detalhar em um texto publicado nesta segunda-feira como
fez para vazar a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) logo após o
início da prova de ontem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), por meio de sua assessoria de
imprensa, afirmou que não "é polícia" e, portanto, não tem como fazer
revista em todos os candidatos para comprovar se portam aparelhos eletrônicos,
como o celular utilizado pelo jornalista para enviar uma mensagem com o tema do
texto. "Com relação ao repórter de O Globo que respondeu a prova na
Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, não há ineditismo neste
procedimento. No ano passado, uma repórter do Recife fez a mesma coisa. Como
não é feita revista íntima, é possível sim que o repórter tenha simulado uma
ida ao banheiro e transmitido o tema da redação", disse a assessoria no Inep em nota ao Terra. O
jornalista Lauro Neto usou o celular no banheiro da universidade e transmitiu à
equipe do jornal o conteúdo da prova de redação - divulgado na internet às
13h59 de domingo, uma hora antes do horário permitido aos estudantes deixar o
local de provas. "Bateu vontade de ir ao banheiro. Como não havia nenhum
fiscal por perto, decidi testar a segurança da prova e mandei um SMS para a
equipe de reportagem do GLOBO com o tema da redação: 'Viver em rede no século
XXI: os limites entre o público e o privado'. (...) Deu tempo até de mandar
outro torpedo com os títulos e autores dos textos da coletânea", escreveu
em artigo publicado no site do jornal. Além de usar um aparelho celular para
passar uma mensagem com o tema da redação, o repórter fez propositalmente a
prova com outros itens que eliminariam os candidatos. Lauro Neto usou boné,
óculos escuros, caneta não transparente, além de lápis e borracha - proibidos
no edital do Enem. Segundo o Inep, este caso, assim
como todos os outros envolvendo pessoas que usaram o celular durante a prova
(foram registrados oito no primeiro dia e três no segundo) foram apurados e
todos os candidatos serão excluídos da seleção. O órgão disse ainda que não houve prejuízos aos demais estudantes que fizeram as provas.
O Inep considera que não houve quebra de sigilo.
"O tema passou a circular nas redes sociais e em alguns portais de
conteúdo a partir das 13h59, sem qualquer interferência no sigilo ou na sua
realização", diz a nota.
Polêmica de 2010 - Em 2010, um repórter do Jornal do Comércio, de Pernambuco,
conseguiu enviar por celular o tema da redação do Enem enquanto fazia a prova.
A mensagem tinha como destino a equipe do periódico. Às 14h38 de domingo, o
site do jornal publicava o tema: o trabalho para a construção da dignidade. O
site informou que o repórter também conseguiu driblar a segurança para quebrar
outra proibição: ele levou um lápis de madeira para fazer a prova. Na ocasião,
o Inep não considerou que tenha ocorrido vazamento da
prova, já que o ato não teria ferido a isonomia do processo nem favorecido
nenhum candidato. Mais de 1,4 milhão deixam de fazer a prova - Pouco mais de
26% dos 5,3 milhões de inscritos no Enem - o que corresponde a cerca de 1,4 milhão de candidatos - não compareceram nos dois dias de
prova. O índice médio de abstenção nesta edição foi ligeiramente inferior ao
registrado no ano passado, quando 27,6% dos candidatos faltaram. No sábado, os
candidatos tiveram quatro horas e meia para responder 90 questões de Ciências
Humanas e da Natureza. O segundo dia de provas foi composto de 90 questões de
matemática e linguagens, além da redação. No domingo, o prazo para concluir a
prova foi de cinco horas e meia.
A partir do resultado da prova do Enem, os alunos se inscrevem no Sistema de
Seleção Unificada (Sisu) e podem
pleitear vagas em instituições públicas de todo o País. A participação
no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do
Programa Universidade para Todos (ProUni).
Os benefícios são distribuídos a partir do desempenho do candidato no exame e
podem ser integrais ou parciais, dependendo da renda da família. Para
participar do programa é preciso ter cursado todo o Ensino Médio na rede
pública. Em 2012 a prova terá duas edições, uma no primeiro semestre e outra no
segundo. A primeira edição do ano que vem já está confirmada para os dias 28 e
29 de abril. A data da segunda edição ainda não foi definida em função das
eleições municipais, que ocorrerão em outubro, mês de aplicação do Enem 2011.
Portal Aprendiz