Inep cogita encaminhar redação do Enem à casa
de alunos, diz Malvina
12/07/2011
Presidente do Inep, Malvina Tuttman, participou da SBPC nesta terça (12). Segundo ela,
estudantes têm o direito de rever a prova
A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman,
disse na tarde desta terça-feira (12) durante palestra na 63ª reunião da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Goiânia, que o
governo cogita a possibilidade de encaminhar a redação corrigida a todos os
candidatos que fizerem as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir
do segundo semestre de 2012. “O ministro [da Educação, Fernando Haddad] ainda
tem que aprovar, e o Inep depende
de maquinário pesado para isso", afirmou. Malvina disse que o aluno tem o
direito de rever a prova. "Estamos nos organizando para isso. Não sei se
ainda este ano, mas certamente para 2012, porque precisamos de máquinas mais
potentes. O participante receberá a redação em casa, e essa não é uma ideia que surgiu de repente, é um processo legítimo de
aprendizado", explicou.
Avaliação - A presidente do Inep afirmou,
ainda, que o Enem precisa ser revisto. "Esse é um processo válido e
importante, mas não é um exame de acesso à universidade, mas de avaliação do
ensino médio." Se a prova vai continuar existindo daqui a 20 anos?
"Não sei. Precisamos de formas mais democráticas, para que o acesso seja
cada vez mais aberto a todos aqueles que desejam voltar ou dar continuidade ao
sistema formal de ensino", respondeu Malvina. Para prevenir novos
problemas, o Inep
contratou a empresa de gestão de riscos Módulo e o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro). A primeira vai cuidar de todo o processo (desde a elaboração do
edital até a logística) e o segundo ficará responsável por certificar a gráfica
que vai imprimir as provas. "A logística de aplicação tem se fortalecido.
Este ano, 1.599 municípios receberão o exame em mais de 140 mil salas de
aula", disse a presidente do Inep.
Falhas - Na opinião do reitor da Universidade Federal da Integração
Latino-Americana (Unila), Hélgio
Trindade, é uma questão de estatística ocorrerem
eventuais problemas de gráfica ou aplicação quando se trata de uma prova dessa
dimensão. "A logística é extremamente complexa e, por um ato involuntário
ou acidental, uma coisa prejudica tudo. Acho que o Enem poderia ser pensado, no
futuro, de forma mais regionalizada, para que o risco da grande concentração se
diluísse de maneira mais racional. Temos que ser realistas, o custo disso hoje
é enorme", afirmou.
Segundo Trindade, o ministro da Educação já sofreu muito desgaste em
função de problemas com o Enem. "De hoje até o dia da realização, todos os
santos terão que ser invocados para que não aconteça nada", ironizou. O
reitor da Unila também criticou a concentração da
aplicação do exame nas mãos do consórcio Cespe/Cesgranrio. "A Cesgranrio é
uma fundação privada que tem praticamente o monopólio da prova. Se ela fosse
feita regionalmente, mais organizações estariam envolvidas, não apenas
uma", defendeu. As universidades federais já ajudam na elaboração das
questões do Enem, mas querem uma participação mais ativa: os reitores presentes
na palestra propuseram uma maior atuação na logística. O Inep
acredita que concentrar tudo em uma única universidade não seja possível, mas
uma rede de instituições pode ser uma saída.
Por outro lado, Trindade destacou que, do ponto de vista conceitual, o Enem foi um avanço extraordinário para avaliar a maturidade e a capacidade dos estudantes de cursar o ensino superior. "Ele tem um papel na inclusão social e leva em consideração a capacidade de pensar de forma mais complexa do que fazem vestibulares e cursinhos, pois neles o conhecimento se perde e o aluno esquece tudo no fim do ano", disse. O exame, portanto, não mede memorização, mas aquilo que cada um carrega dentro de si, concluiu o reitor da Unila. Datas - As provas do Enem serão aplicadas em 22 e 23 de outubro em 12 mil locais e 140 mil salas de aula. Cerca de 5,4 milhões de estudantes estão inscritos para esta edição. O Inep já marcou outro Enem para o primeiro semestre do ano que vem, nos dias 28 e 29 de abril.
Luna D’Alama do G1, em Goiânia (GO)
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