MARIA IOLANDA MAIA HOLANDA. A
CONSTRUÇÀO DA IDENTIDADE COLETIVA DOS SEM-TERRA: UM ESTUDO A PARTIR DO
COTIDIANO DOS ALUNOS DO PRONERA.. 01/04/2000
1v. 163p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - EDUCAÇÃO
Orientador(es): ELIANE DAYSE PONTES FURTADO
Biblioteca Depositaria: HUMANIDADES/UFC
Palavras - chave:
IDENTIDADE, ASSENTADOS, EDUCAÇÃO, MOVIMENTOS SOCIAIS
Área(s) do conhecimento: EDUCAÇÃO RURAL
Banca examinadora:
BERNARDO MANÇANO FERNANDES
Linha(s) de pesquisa:
MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO POPULAR E ESCOLA Estudo dos múltiplos processos educativos e organizativos que se correlacionam com a dinâmica social, a educação popular e a escola: a produção do saber e sua apropriação, assim como as identidades culturais, representações e processos simbólicos.
Dependência administrativa
Federal
Resumo tese/dissertação:
Os alunos da educação de jovens e adultos rumo à construção de uma identidade coletiva de trabalhadores rurais sem-terra nas áreas de assentamentos. Este é o tema central desta dissertação, cujo propósito é verificar os aspectos constitutivos da identidade coletiva desses sujeitos engajados em um projeto alternativo de sociedade, em áreas de assentamentos da Região Metropolitana de Fortaleza. O pano de fundo das análises é a experiência pedagógica que está sendo desenvolvida no Assentamento Córrego do Quixinxé, pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST. Para a realização da pesquisa, utilizamos a metodologia qualitativa, baseada no método de inspiração dialética que percebe o sujeito histórico em sua concretude. Os recursos utilizados foram as entrevistas abertas e semi-abertas e as observações participantes. Através deles procuramos compreender as interlocuções que se dão no cotidiano deste assentamento, observando as condições de vida, de trabalho, o nível de engajamento na organização do assentamento e a possível contribuição da educação desenvolvida por esse projeto na afirmação dessa identidade. Através da análise de suas falas ou discursos tentamos captar as representações que eles fazem da realidade física, social e política em que se acham inseridos e na qual produzem significações num movimento de relacionamento entre o indivíduo e o mundo. Para entendermos os principais condicionantes formadores dessa identidade e a possível contribuição da educação de jovens e adutos nesse processo, enfocamos no primeiro momento as transformações que vêm ocorrendo no mundo e as consequências para o campo. Em seguida, consta um estudo dos movimentos sociais do campo e as perspectivas de uma educação alicerçada na dinâmica desses movimentos. E, num terceiro momento, procuramos analisar o processo, as vezes contraditório, da construção de suas identidades de sem-terra, buscando situar o princípio estruturador e os traços identificadores dessa construçào coletiva. A pesquisa demonstrou que os alunos das ações educativas do PRONERA - alfabetização de jovens e adultos e escolarização a nível do ensino fundamental - externam os valores e constróem sua própria identidade em níveis heterogêneos de pensamento e de intervenção no cotidiano. É possível detectar também um sentido forte de "pertença" a algo em construção que os identifica enquanto sujeitos construtores de novas formas de organização, numa relação mais horizontal entre eles e de ruptura com as velhas relações sociais de dominação até então desenvolvida no campo. Por outro lado, há uma necessidade ou mesmo ansiedade de domínio do saber sistematizado, vislumbrado como mais um meio concreto de contribuição na ruptura com as velhas formas de dominaçào. Há ainda, uma consciência crescente de que a emancipação dos trabalhadores é um marco a ser perseguido através de um projeto diferenciado de socidedade e que, para a sua concretização, é preciso desenvolver parcerias com entidades que tenham compromisso com a reforma agrária dentro de uma perspectiva dos trabalhadores.