Haddad volta a
defender Enem como substituto do vestibular
10/10/2011
Agência Brasil A menos de duas semanas da aplicação
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Fernando
Haddad, voltou a defender o teste como a forma mais moderna de avaliação do
desempenho dos alunos. Segundo ele, registros de problemas são comuns em
diversos lugares do mundo, já que se trata de uma prova com “escala
monumental”. Haddad destacou que a substituição do vestibular pelo Enem é
fundamental para garantir a implementação prática da
reforma do ensino médio no país. “É preciso acabar com o vestibular, que é um
grande mal que se fez à educação brasileira, porque você não organiza o ensino
médio com cada instituição fazendo um programa de vestibular diferente. O Exame
Nacional [do Ensino Médio] é o que há de mais moderno no mundo e tem problemas
em diversos países, mas temos que aprender a enfrentar esse negócio”, disse. O
ministro da Educação participou hoje (10), no Rio, de seminário sobre os
desafios da educação básica no país, promovido pela Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Ele citou a China e a Inglaterra como países que também tiveram problemas na
aplicação de exames equivalentes ao Enem. Na China, 62 pessoas foram presas por
cola eletrônica e na Inglaterra foi registrado número recorde de itens
cancelados porque não tinham resposta correta. “Não estou dizendo que vai acontecer
alguma coisa [no Enem deste ano], mas é um grande problema fazer uma prova em
um fim de semana para 5 milhões de pessoas”,
ressaltou, destacando que o ministério está “somando inteligência ao processo,
a cada edição”.
Haddad também voltou a garantir que a greve dos funcionários dos Correios não
vai afetar a realização das provas. “Estamos em contato permanente com a
direção dos Correios desde o início do movimento. A garantia que se tem é que
está tendo uma operação especializada e dedicada à distribuição das provas e
cartões”, enfatizou. O ministro reiterou sua posição favorável às aulas em
tempo integral para o ensino médio nas escolas públicas, conforme previsto no
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
que está sendo avaliado no Senado. “Vamos ter que oferecer segundo turno com
outras perspectivas de desenvolvimento cognitivo. A ideia
é ter uma matriz de conteúdo um pouco mais enxuta no primeiro turno, para que o
professor possa aprofundar mais as aulas, e um segundo turno que abra
possibilidade de conteúdos profissionalizantes, de cultura, inclusão digital,
entre outros”, explicou. Segundo ministro, o governo já implementou
esse projeto, em caráter experimental, em 600 escolas e a expectativa é ampliar
o programa nos próximos anos. “Vamos começar com mais força em 2012. Queremos
avançar para oferecer um ensino médio mais coerente com as expectativas dos
estudantes”, disse.
O ministro informou, ainda, que o governo não decidiu como será a ampliação da
carga horária mínima das redes de ensino, proposta pela pasta. Atualmente, os
alunos cumprem carga de 800 horas distribuídas em 200 dias. Haddad disse que a
mudança só será definida após todas as entidades convidadas pelo MEC opinarem
sobre o assunto. Ele ressaltou, no entanto, que a maioria dos educadores e
gestores que já se manifestaram prefere que haja ampliação na carga horária
diária e não no número de dias letivos. A alternativa, que a princípio poderia
prejudicar as escolas com horário noturno, porque teriam dificuldade de se
organizar para oferecer cinco horas de aula, torna-se viável com a implementação de atividades à distância, de acordo com o
ministro. “Como o [horário] noturno está bastante concentrado no ensino médio e
a resolução do Conselho Nacional de Educação, a ser homologada, prevê 20% da
carga horária em atividades semipresenciais, as pessoas estão enxergando nisso
uma alternativa de resolver o problema”, explicou.
Correio Braziliense