Fórum discute desafios da educação profissional de jovens e adultos

28.09.2010

 

Reunidos entre os dias 21 e 23 em Florianópolis, professores, pesquisadores e alunos ligados ao Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) participaram do Fórum Proeja Sul II e discutiram os desafios enfrentados tanto pelas instituições que oferecem esta modalidade de ensino quanto pelos alunos que voltam a estudar depois de terem deixado a escola. O evento contou com cerca de 300 participantes dos estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul e foi organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IF-SC.

De acordo com os participantes, a educação na modalidade Proeja possui características e necessidades diferentes do ensino tradicional. “Precisamos saber que os alunos do Proeja têm um passado no qual muitos deles desistiram ou foram expulsos da escola, sendo excluídos desse local em que julgamos estar o conhecimento”, explica o professor Giovani Cavalheiro Nogueira, do IF-SC.

Segundo Nogueira, os profissionais que lidam com esse público devem se preparar para lidar com a educação de jovens e adultos. “O próprio IF-SC já ofereceu cursos nesse sentido, como um curso de aperfeiçoamento a distância em Proeja oferecido entre 2009 e 2010. E já foi aprovada no Conselho Superior uma nova especialização em Proeja, também a distância”, conta.

Entre as experiências do IF-SC relatadas durante o evento estiveram a do curso técnico em Enfermagem do Campus Florianópolis, que teve cerca de 1400 inscritos para 40 vagas, o curso técnico em Eletromecânica do Campus Chapecó, que explora a realização de visitas técnicas para valorizar o conhecimento dos alunos, e o curso FIC em Habilidades Básicas de Panificação do Campus Florianópolis-Continente, realizado em julho de 2010.

No entanto, apesar de cada local e curso possuir um contexto específico, os desafios existentes costumam se repetir. “A permanência e o êxito, a integração entre a área profissional e a área gera [ensino médio] e a necessidade de material didático específico para o Proeja”, exemplifica a professora Angela Silva, do Campus Chapecó.

Para o professor Casemiro José Mota, do Campus Araquari do Instituto Federal Catarinense, uma das soluções encontradas para melhorar a qualidade dos cursos Proeja é levar o curso até o local em que estão os alunos. “Oferecemos o curso técnico em Agropecuária em Jaraguá do Sul, longe do nosso campus, mas nossa preocupação é focar o curso e as aulas no conhecimento que já existe na comunidade, tornando técnico o saber que existe no local”, explica.

O desafio de superar o preconceito de voltar a estudar, no entanto, também é uma das barreiras que precisam ser quebradas. “É preciso que a comunidade e a família saibam o que é o Proeja e também a sua importância, pois durante o curso não são raras as oportunidades de trocar a aula por um churrasquinho, uma festinha ou mesmo as tarefas do dia-a-dia, como cuidar dos familares”, destaca o professor Igor Vitorino da Silva, do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul.

Motivada pela ajuda do filho, a aluna do curso técnico em edificações da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Sônia, de 55 anos, conseguiu vencer o preconceito e as demais dificuldades para voltar a estudar. “Sou da época em que se parava de estudar para casar. E foi isso que aconteceu comigo, nos anos 70. Mas pude construir minha família e, agora, fico muito feliz em voltar pra escola. É muito legal estudar”, diz Sônia, emocionada. 

 

Fonte:

 http://linkdigital.ifsc.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=812:forum-discute-desafios-da-educacao-profissional-de-jovens-e-adultos&catid=108:edicao-355-24-de-setembro-de-2010&Itemid=2