Formação profissional deve estar de acordo com demandas locais

Cássia Gisele Ribeiro 

Portal Aprendiz, 30/11/2007

 

“É preciso que os governos repensem a educação profissional, de forma que ela esteja de acordo com as demandas locais”, afirmou a professora da Universidade de São Paulo (USP) Carmem Sylvia Vidigal de Moraes que participou do I Encontro Educação para uma Outra São Paulo, que aconteceu na capital paulista. Para isso, Vidigal afirmou que as políticas de educação e de geração de emprego e renda devem estar aliadas às políticas locais de desenvolvimento. Segundo ela, a educação profissional deve ter como principal foco o combate à exclusão social, e não há combate a exclusão sem a inserção no mercado de trabalho.

 “É necessário que existam observatórios que se dediquem a coletar dados da economia e da população local e paute, assim, as políticas públicas”, sugeriu. “Para isso, é necessário abandonar a visão paternalista de educação profissional, principalmente quando se refere à educação de jovens e adultos, e proporcionar conhecimento real, formação de ponta, voltada ao mercado daquela região”, ressaltou. A formação profissional dentro dos programas de educação de jovens e adultos também foi um ponto levantado pela palestrante. “É preciso que esses programas passem a promover inclusão social. Para isso, no entanto, é preciso que eles formem para o mercado de trabalho, que é uma das principais necessidades dessa população”, afirmou Moraes. Além disso, Moraes defendeu que é necessário incluir a dimensão conceitual do trabalho no projeto pedagógico do sistema municipal de educação. “A escola deve tomar o trabalho sob uma perspectiva crítica, relacionar a escola com a vida”, disse. E isso nada tem a ver com as atuais teorias de habilidades e competências, que busca uma educação completamente voltada à lógica das empresas. “Esse modelo é um retrocesso, pois resume a educação a uma técnica. É mais uma forma de marginalizar e excluir”, defendeu.