Fiscais
do pré-teste do Enem no CE negam participação em vazamento
03/11/2011
Quatro
fiscais prestaram depoimento na Polícia Federal nesta tarde. “Eram os seis
fiscais e os alunos. Não tinha professor”, afirma uma fiscal
Dois
dos estudantes universitários que fiscalizaram o pré-teste do Enem no Colégio Christus, em Fortaleza, negam extravio de dois cadernos de
provas da escola. “Consta tudo na ata: quantos papéis
recebemos, quantos foram entregues, quantos faltaram. Se sumiu, foi com
eles mesmo”, diz a fiscal Daisane Mendonça, de 24
anos. Ela conta que recebeu o material lacrado, com um envelope informando o
número de provas. “Não poderia ter sido manipulado. O que fizemos foi lacrar as
provas dentro de um papel e devolver”, diz. Quatro fiscais prestaram depoimento
na sede da Polícia Federal em Fortaleza nesta quinta-feira (3). Dois deles
falaram ao G1. Outros dois foram orientados pelo advogado a não falar com a
imprensa. Eles foram ouvidos pelo delegado Nelson Teles, que afirmou também não
poder falar com a imprensa sobre o caso. “As informações estão todas
concentradas em Brasília”, justifica. Os alunos universitários que fiscalizaram
o pré-teste no Christus, uma das mil escolas do
Brasil sorteadas para realizar o exame, afirmam que eram seis fiscais no dia, e
que não havia nenhum professor no colégio. “Eram os seis fiscais e os alunos.
Não tinha professor e mais ninguém”, afirma Daisane.
A
presidente do Inep, Malvina Tuttman,
afirmou, em Fortaleza, que um professor da escola “manipulou os dois cadernos,
guardou por um ano e distribuiu entre os alunos”. Na semana passada, o ministro
da Educação, Fernando Haddad, afirmou que, de acordo com investigação da
Polícia Federal, professores tiveram acesso ao
material. Os fiscais que depuseram nesta quinta-feira negam: “Não há como ter
sido manipulado. Recebemos um envelope dizendo 'aqui tem tantas provas'. Voltou
lacrado em outro documento afirmando que 'aqui tem tantas provas'. Se houvesse
prova a menos, eles saberiam na hora”, afirma a
fiscal. Os fiscais afirmam também que não foram avisados de que realizavam a
fiscalização de um pré-teste para o Enem e também não se lembram de quantos
alunos faltaram no dia. “Sabemos que faltaram alguns, mas não lembro quantos”,
disse a fiscal. A presidente do Inep afirmou que, caso
a Polícia Federal comprove alguma manipulação dolosa de dois cadernos do
pré-teste, vai pedir que o Christus pague uma
possível repetição da prova. O custo é de R$ 45 por aluno.
Anulação
- A Justiça Federal no Ceará decidiu anular 13 questões do Enem na noite da
segunda-feira (31). O Ministério da Educação informou que deve recorrer da
decisão nesta quinta-feira (3), no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no
Recife. De acordo com a Justiça Federal, a anulação das 13 questões foi uma
resposta à ação proposta pelo Ministério Público Federal no Ceará (MPF), que
havia pedido a suspensão total das provas do Enem ou, pelo menos, a suspensão
parcial das questões envolvidas na polêmica. O MPF-CE informou que vai entrar
com requerimento pedindo a anulação da questão número 25, do caderno amarelo,
que é similar à questão 11, de um dos cadernos distribuídos pelo Christus dias antes do Enem. Até esta quinta-feira (3),
estão anuladas as questões 32, 33, 34, 46, 50, 57, 74 e 87, da prova amarela do
1º dia, além das questões 113, 141, 154, 173 e 180, da prova amarela do 2º dia.
As mesmas questões correspondem a números diferentes nas provas de outras
cores, que também serão anuladas.
André Teixeira G1 CE
Portal G1