FE qualifica profissionais para alfabetização de jovens e adultos
23/02/2010
O Brasil é o 80º país do mundo quando o assunto é a presença do analfabetismo – são 14 milhões de jovens e adultos que não sabem ler e escrever, segundo relatório publicado em janeiro pela Unesco, o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a educação e a cultura. Buscando mudar essa realidade, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem merecido atenção de pesquisadores e alunos da Faculdade de Educação (FE) da USP.
Apesar de não haver disciplinas obrigatórias na graduação diretamente ligadas à EJA, há vários professores, como Celso Beisiegel, Stela Conceição Bertholo Piconez, Moacir Gadotti, Maurilane de Souza Biccas e Marta Kohl de Oliveira, entre outros, que pesquisam temas convergentes e correlatos.
Para os alunos de graduação, é oferecida a disciplina "Seminários de Política Educacional" (matéria eletiva para alunos de pedagogia e aberta para alunos de licenciatura de outros cursos da Universidade). A disciplina é ministrada por diferentes professores a cada semestre, e alguns dos docentes abordam especificamente o tema da Educação de Jovens e Adultos.
É o caso da professora Maria Clara Di Pierro. “Já dei aula para duas turmas cheias, de uns 60 alunos”, conta. “A matéria atrai muito interesse porque os estudantes, quando entram na pedagogia, costumam estar focados apenas na área de infância. A educação de jovens e adultos abre um novo campo de práticas e de atuação no mercado de trabalho.”
Após cursar a disciplina, uma aluna do terceiro ano de pedagogia ficou encantada com o tema e começou a pesquisar a adequação do ensino em três unidades da rede municipal no bairro de Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo: um Centro Educacional Unificado (CEU), uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) e um Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA). Deborah Novais Santos Sobrinho, a aluna em questão, desenvolve o projeto de iniciação científica intitulado “Aprendizagem significativa na Educação de Jovens e Adultos: um estudo em escolas municipais na zona leste de São Paulo”.
Pós-Graduação
Na pós-graduação, a professora Maria Clara Di Pierro oferece a disciplina “Educação de Jovens e Adultos: Pensamento, Políticas e Práticas”. “A disciplina tem um caráter panorâmico, embora num nível de profundidade da pós”, explica ela. “A matéria focaliza as tendências internacionais do pensamento pedagógica em relação à Educação de Jovens e Adultos, considerando a vertente da educação popular, da qual Paulo Freire é o pensador mais destacado, mas também considerando o pensamento contemporâneo de educação continuada ao longo da vida.”
São estudadas a história da EJA, políticas públicas, diversidade sociocultural dos educandos e cada uma das características que afeta a relação professor-aluno, como classe, gênero, etnia e geração.
Em um semestre, Maria Clara teve um grupo bastante heterogêneo, de cerca de 15 alunos. “Teve gente estudando o ensino da matemática para adultos, educação profissional para trabalhadores, educação não-formal na área de cultura, inclusão de pessoas com necessidades especiais na EJA”, exemplifica.
As pesquisas que ela orienta também seguem a mesma tendência de diversidade. Por exemplo, no Mestrado, a estudante Rosilene Silva Vieira pesquisa “As políticas de educação de jovens e adultos nos governos Lula (2003/2010)”. Já a mestranda Bianca Brito desenvolve a pesquisa “Novas tecnologias na educação de jovens e adultos: quem usa a favor de quem e para que?”. Por sua vez, Gabriela Couto se aproximou das cooperativas de catadores de materiais recicláveis para pesquisar a “Alfabetização de catadores de materiais recicláveis no município de São Paulo”.
Em geral, os adultos que buscam a EJA trabalham, têm família, não puderam estudar durante a infância e/ou adolescência, alguns tiveram um passado difícil e não puderam concluir o ensino fundamental na idade apropriada. A proposta da EJA, por conta dessa realidade, tem que ser diferente e adequada ao seu público.
Assessoria de Imprensa da USP
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