Exposição marca o início das comemorações do centenário da rede em 2009

23/09/2008 19:14:43

 

As primeiras escolas técnicas, inauguradas em 1909, podem ser vistas na exposição De Aprendizes Artífices a Institutos Federais: 100 Anos de Compromisso com a Educação Profissional e Tecnológica no Brasil. Aberta nesta terça-feira, 23, no Ministério da Educação, a exposição marca o início das comemorações do centenário da rede de educação profissional e tecnológica, que completará 100 anos em setembro de 2009.

No mesmo mês de 1909, no governo do então presidente Nilo Peçanha, as primeiras 19 escolas técnicas — que, à época, eram chamadas escolas de aprendizes artífices — foram inauguradas. A mostra revela os caminhos tomados pelas políticas educacionais em relação à educação profissional e tecnológica entre as décadas de 10 e 70 do século XX.

Mais do que escolas e alunos, os registros fotográficos apresentados na exposição revelam as mudanças de perspectiva das políticas educacionais e mostram que a rede federal de escolas técnicas nasceu com propósito assistencialista, bem diferente da atual política de governo. “O ensino nessas escolas era mais voltado aos desvalidos da sorte, aos órfãos, e não havia uma perspectiva de formar profissionais para se inserir de forma autônoma no mercado de trabalho”, explica o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Eliezer Pacheco.

A exposição informa que as 19 escolas de aprendizes artífices eram destinadas ao ensino primário e gratuito, com foco na formação inicial. Só recentemente, diz Eliezer, começamos a ver educação profissional como uma possibilidade de inserção no mercado de trabalho de forma qualificada, como elemento essencial dentro de um projeto de nação soberano, em que as pessoas possam contribuir para o desenvolvimento. “Não há soberania sem independência tecnológica e o ensino profissional tem também essa perspectiva de produzir tecnologia”, resume o secretário.

Essa mudança de perspectiva no âmbito das políticas públicas se traduz em medidas que valorizam a educação profissional e ampliam o acesso a essa modalidade de ensino, como a expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica. De 2002 a 2010, haverá novas 214 escolas. Em 2002, eram apenas 140. Em 2010, serão 354.

Na visão de Eliezer, a mudança de postura demorou para romper padrões ainda enraizados na cultura brasileira. “O Brasil paga um preço pesado pelo fato de, em pouco mais de 500 anos de história, ter tido 388 anos de escravidão. Um recorde no mundo civilizado”, avalia.

Por causa desse passado histórico, afirma o secretário, a cultura brasileira ficou muito marcada pelo trabalho servil. “Há um certo menosprezo a tudo aquilo que se relaciona ao fazer com as mãos, ao processo produtivo”, diz.

Para Eliezer, a exposição contribuirá para motivar um debate sobre o papel emancipador do trabalho como princípio educativo. “As pessoas aprendem com o trabalho e a tecnologia”, resume.

A exposição, que é itinerante, seguirá, após o dia 30, para escolas técnicas de todas as regiões do país. São 22 painéis com 24 fotografias, infográficos e textos que contam a história da rede federal, desde o seu surgimento até a década de 70, além de traçar um panorama das principais ações de governo relacionadas à educação profissional e tecnológica até os dias atuais. A intenção é ampliar o material da exposição, até 2010, e incluir na mostra os atuais centros federais de educação profissional e tecnológica (cefets) e os institutos federais de educação, ciência e tecnologia (Ifets).

 

Maria Clara Machado

 

Fonte:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=11303