Evasão nos institutos federais

13.01.2014

 

 

Dias atrás, uma notícia surpreendeu a nação: MEC (Ministério da Educação e Cultura) criou um grupo para estudar a evasão escolar nos institutos federais... Acontece que essa evasão foi pouco divulgada e foi em abril último, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) auditou a rede federal de educação profissionalizante, científica e tecnológica, que é formada por 38 institutos federais, e apontou que os índices de evasão atingiram 24% do total de alunos matriculados nos cursos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos (Proeja), além de 19% nos cursos médios subsequentes.

O TCU deu ao MEC 180 dias para apresentar um plano de ação que atenda às recomendações apontadas. Apesar de ser um dado alarmante, uma ação tardia e pífia. Ainda mais que o grupo de trabalho terá que entender as causas da evasão e propor soluções para esse grave problema em 120 dias. O grupo é composto de oito pessoas ligadas à Setec e à rede federal com a tarefa de elaborar relatório dos índices de evasão, retenção e conclusão para os cursos profissionais e tecnológicos, elaborar um manual de orientação para o combate à evasão, incluindo o diagnóstico de aluno ingressante com propensão à evasão, identificação das causas e utilização de monitorias, tutorias e reforço escolar. Parece-me que identificar aluno com propensão à evasão não é a mesma coisa que entrevistar o aluno que evadiu o sistema de ensino, e isso falta aí.

E, se já não bastasse isso, o MEC divulgou ter um déficit de quase oito mil professores e de mais de 5.700 técnicos de laboratório no primeiro semestre, o que corresponde, respectivamente, a 20% e 24,9% do quadro correspondente.

Isso que acontece nos institutos federais reflete a valorização que o professor tem. E o Brasil é um dos países que menos valoriza, de acordo com estudo da Fundação Varkey Gems, sediada nos Emirados Árabes. O estudo abrange 21 países, que foram escolhidos segundo critérios de desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). O Brasil está em penúltimo lugar, à frente de Israel. Já a China, a Grécia e a Turquia são os países que mais respeitam os seus docentes.

A pesquisa também descobriu que na China, Coreia do Sul e Egito, as famílias incentivam as crianças a se tornar professor, enquanto que no Brasil, Israel e Portugal são os países em que as crianças recebem menos incentivos para ser professor.

Outro problema grave é a formação dos professores, conforme pesquisa apresentada no Conselho Nacional de Educação, um estudo comparativo sobre a organização do currículo brasileiro e a de outros oito países: Austrália, Cuba, Chile, Estados Unidos, Finlândia, Portugal, México e Nova Zelândia.

Na comparação, observou-se que o Brasil não define bem o currículo da educação básica, e com muitos professores mal formados com autonomia total para escolher conteúdos de aula. Como se vê, a solução da Educação no Brasil não depende necessariamente de mais verba, mas de ações corajosas.

 

Fonte:

http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=232421