Evasão e repetência atingem 50% dos alunos no ensino médio

Folha Dirigida, 28/08/2008 - Rio de Janeiro RJ

 

Ao mesmo tempo em que o Brasil comemora a quase universalização do acesso à primeira série do ensino fundamental, vê todo este esforço de inclusão cair por terra nos três últimos anos da educação básica. Estudos do Ministério da Educação mostram que dos 3,6 milhões de estudantes que ingressam neste segmento a cada ano, metade abandona a escola ao longo das três séries. A informação vem do coordenador de ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Arxetes Simões, em palestra na última quarta, 27, na Fundação Getúlio Vargas. O dado, segundo ele, não considera só a taxa de evasão, mas também a de repetência. "Muitos passam de ano sem saber. Só o cálculo da evasão não mostra a realidade", salientou o coordenador. Em cerca de   uma hora de palestra, Arxetes falou dos principais problemas do ensino médio no país, entre eles, a falta de professores, principalmente nas matérias da área de Exatas (Física, Química, Matemática) e de disciplinas como Filosofia. O país possui, hoje, 1 milhão de matrículas de professores que podem atuar do 6º ano do fundamental até o 3º do ensino médio. O total é até maior os 750 mil que o país precisa para atender a demanda. O problema é que só 400 mil destes professores são licenciados. Portanto, na realidade, faltam 250 mil com formação para dar aulas. "Em Física, nos últimos dez anos, foram 18 mil licenciados, dos quais só 6 mil foram trabalhar nas salas de aula. Hoje, há uma necessidade de 60 mil. Matérias como Química e Filosofia não estão muito longe desta realidade."  O coordenador também trouxe boas notícias. O número de matrículas de jovens de 15 a 17 anos no ensino médio saltou de 4,7 milhões para 6 milhões, crescimento acima da expectativa. Ele destacou ainda que o MEC quer ampliar para 10% o número de vagas federais (hoje, esta participação não chega a 1%) e fortalecer o regime de colaboração com estados e municípios. Na abertura do encontro, o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen, disse que a falta de investimentos em Educação ao longo das últimas décadas compromete a competitividade econômica do país, no curto prazo. "O sistema educacional ainda não tem muito claras suas metas de qualidade, quantidade, o que ensinar, entre outros pontos", destacou o presidente da FGV.