Estudar não tem idade

6/06/2011

 

Aos 27 anos de idade, Wellington de Oliveira Moraes passa horas mergulhado nos livros e cadernos, porque sonha se tornar professor de Língua Portuguesa. João da Silva, de 29 anos, dá atenção especial às aulas de Matemática na esperança de um dia entrar na faculdade. Já Antônio Valmir de Lima, de 54 anos, quer mesmo é aprimorar os conhecimentos gerais.

Assim como tantos adultos que voltaram à escola, os três têm, em comum, a vontade de estudar, independente da idade. Wellington, Antonio e Valmir são alunos do EJA (Educação de Jovem e Adulto) de Santo André, que tem mais de 3,8 mil matriculados. Além de Santo André, outros municípios do ABC também oferecem alfabetização para jovens e adultos. Em Diadema, 2,2 mil munícipes com mais de 15 anos têm ensino equivalente. “O mais velho tem 87 anos”, conta Cleusa Nilda Ramos, chefe da EJA de Diadema.

Para Cleusa, a escrita e a leitura são vitais para a inserção social. Em Santo André, além do EJA, que equivale do 1º ao 5º ano, e EJA 2, do 6º ao 9º ano, há o programa Brasil Alfabetizado, parceria com o governo federal que alfabetiza moradores em associações de classes e igrejas e constitui preparatório para o EJA 1. Ao todo, são 49 turmas com 880 alunos do Brasil Alfabetizado no município.

 

Particular

Além de programas públicos, há opções particulares de ensino na região, como a Universidade Sênior, programa da USC (Universidade São Caetano do Sul) voltado para pessoas com idade acima de 50 anos. Atualmente, o programa tem 300 alunos matriculados, 85% mulheres e 70% com mais de 55 anos, cujo pré-requisito é ser alfabetizado. Com mensalidade de R$ 76, os alunos têm aulas de música, saúde, segurança, qualidade de vida, informática, redação, arte, história recente e outras matérias.

 

Força de vontade predomina

“Quero concluir o curso, entrar numa faculdade e me tornar professor de Português”, conta Wellington de Oliveira Moraes. O estudante, que está na sétima série, diz que parou de estudar aos 15 anos por causa de doença na família. “Depois comecei a trabalhar e não consegui voltar à escola. Mas, agora pretendo terminar e fazer uma graduação”, diz. João da Silva, natural de Pernambuco, viu nos estudos oportunidade de entrar ao mercado de trabalho. “Sinto falta dos estudos quando vou procurar emprego”, conta o aluno, que gosta de Matemática.

Já Antônio Valmir de Lima voltou a estudar para acompanhar a esposa. “Ela estava com o tempo ocioso e voltou para a escola. Como não queria ir sozinha, acabou me levando junto”, destaca. “Sempre gostei de ler e estudar, mas acabei parando de frequentar a escola quando era mais novo e por causa do trabalho só voltei agora”, conta. Ivete Pelegrino Rosa, professora de Pedagogia da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), diz que não há idade máxima para aprender. Com o avanço da idade também surgem algumas dificuldades de aprendizado, mas nada que impossibilite uma pessoa, independentemente da idade, de assimilar o ensino. “Exercitar a mente é importante, muito útil e só traz benefícios: melhora a autoestima e ajuda a inserir a pessoa na sociedade”, destaca a pedagoga.

 

Fonte:

http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/291172/estudar-nao-tem-idade/