Estudantes
do PEJA e Proeja participam de Feira da Ciência,
Cultura e Arte
03/07/2012
Com programação
variada, os trabalhos simbolizaram a conclusão do primeiro semestre de 2012.
De
25 a 29 de junho, os estudantes do Programa de Educação de Jovens e Adultos
(Peja) e do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja) da Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) participaram de uma
atividade que simbolizou a culminância do primeiro semestre do ano, a Feira de
Ciência, Cultura e Arte. As apresentações foram realizadas no
Espaço Casa Viva, em Manguinhos, e na EPSJV.
Na
variada programação que contava com poesia, apresentação musical, exposição,
roda de diálogo, peça teatral e até uma revista, a Seja Manguinhos,
os estudantes do PEJA dos Polo I e II, realizados na
Vila Turismo, em Manguinhos e na EPSJV,
respectivamente, e do Proeja também realizado na Escola Politécnica
compartilharam o conhecimento adquirido de forma multidisciplinar. A
coordenadora do PEJA do Polo II, Karine
Bastos, explicou que este tipo de atividade possibilita a integração entre as
disciplinas, os alunos, os professores e as turmas. "Esta edição ainda tem
algo especial porque conseguimos integrar ainda mais as turmas do Polo I, Polo
II e Proeja. De alunos a professores, estão todos muito envolvidos nos
processos. Afinal, um projeto como este só faz sentido se for coletivo",
refletiu.
Com
motivos e sonhos diferentes, mas com o mesmo objetivo de ter uma formação mais
completa, os estudantes de ambos os programas acumulam, em sua maioria, uma
rotina dupla, de dia no trabalhado e à noite na escola. "Precisamos sempre
pensar em algo para estimulá-los, por isso que o propósito da feira também tem
um caráter artístico, além do acadêmico. Com atividades desta natureza
conseguimos evitar a evasão escolar por ser mais prazeroso discutir
determinados assuntos", explicou Karine.
O
estudante do Polo I e motoboy, Robson Alves Segal,
contou que a forma de avaliação diferenciada e os eventos promovidos pela
escola facilitam o aprendizado e estimulam a dedicação. "Parei de estudar
ainda na 5ª série e depois de 15 anos resolvi voltar para sala de aula para
terminar os estudos. No início estava meio receoso se conseguiria acompanhar,
mas o método de ensino daqui é muito diferente do que eu tinha tido como
experiência", lembrou Robson. O estudante apresentou durante o evento
desde artesanato a artigos sobre direitos humanos. "Uma das coisas que
mais surpreendeu foi como o professor interagia com os alunos. Uma vez um
professor falou dentro de sala que ele passava e recebia conhecimento, que ele
também aprendia com a gente", contou.
De
acordo com a coordenação dos programas, a promoção da Feira de Arte e Cultura é
uma forma de discutir assuntos que, embora não estejam na grade curricular
oficial, podem e devem ser discutidos entre os alunos. Exemplo disso foi a participação da representante da ONG Astra, Bárbara Aires,
que fez parte de uma roda de diálogo sobre gênero e sexualidade organizada
pelas turmas do Ensino Médio II do Pólo II no
primeiro dia do evento. "Acho muito importante ações como esta,
principalmente para discutir assuntos que ainda nãos são discutidos por
professores e alunos. Desta forma, podemos falar sobre os preconceitos, os
tabus e as lutas de diferentes movimentos de maneira aberta e sem o peso de uma
sala de aula", explicou a travesti, que luta pelos direitos humanos e
cidadania GLBT.
Provando
que assuntos densos podem ser tratados de diferentes maneiras para facilitar o
aprendizado, a costureira Leila Maria da Silva e aluna do Ensino Médio do Polo
II teve sua participação marcada nas atividades com a
publicação do poema ‘Instante', no caderno Criações Poéticas inspiradas na Arte
Modernista, desenvolvido pela turma do Ensino Medio
II do Polo II e um artigo sobre violência contra mulher para a revista Seja Manguinhos. Leila disse que agora está mais interessada em
política e que correr atrás de seu sonho de ser escritora. "Quando tinha
15 anos meu irmão foi confundido com um fugitivo de Ilha Grande e foi preso
injustamente. Tive que abandonar tudo porque tomei frente desta batalha e
passei a ser seguida e ameaçada por policiais. Com isso, parei de estudar e de
escrever", contou Leila, que adorava escrever poesias e crônicas por
influência do pai que era compositor. "Voltei a estudar para realizar meu
sonho e também estimular minha filha que tinha parado os estudos. Agora estou
realizada duplamente porque nós duas voltamos a estudar e nos formaremos
juntas", comentou a aluna.
Determinada
em seguir a profissão acadêmica, a estudante Claudia Gomes, do Proeja, quer se
formar em radiologia e continuar se dedicando a pesquisas na área da saúde.
"Abri mão de diferentes projetos na minha vida, como me dedicar a concurso
público, para cursar radiologia. Todo tempo que sobra é nisso que dedico",
contou. Já focada em seu futuro, Claudia, que hoje éinspetora
de um curso preparatório, apresentou um o artigo sobre ‘Saúde Pública no
Brasil' na Revista Seja Manguinhos e participou da
atividade organizada pela turma do Proeja‘Drogas:
legalização, punição ou ...?'.
Durante
os três dias de feira, cerca de 30 trabalhos foram apresentados com temas
variados como Polimapa da Dengue, exposição Chiquinha Gonzaga e Censura na
Política, teatro com a peça Los heróes
del Planeta, blog Seja Manguinhos , além de vídeos, documentários e apresentações
musicais.
Viviane Tavares
Fonte:
http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=672