Estudantes
deveriam ter direito de recorrer da redação, defende Ubes
27/05/2012
A
União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) considerou positivas as mudanças nos critérios
de correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), anunciadas
esta semana. Mas para a presidente da entidade, Manuela Braga, os candidatos
deveriam ter direito de recorrer da nota obtida caso discordem do resultado. O
edital do exame não prevê essa possibilidade, mas no ano passado muitos
estudantes entraram com ação na Justiça e alguns conseguiram a revisão da nota.
De
acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, será permitido aos
candidatos a partir deste ano ter acesso à correção da redação, o que já tinha
sido previsto em um acordo firmado com o Ministério Público Federal no ano
passado. Mas a possibilidade do recurso permanece impedida.
“O estudante tem que ter acesso ao gabarito da prova, à
redação e aos critérios de correção. Mas se ele julgar injusto só isso não
adianta, ele tem que ter o direito de recorrer. O MEC tem que proporcionar um
acesso mais democrático [à correção]”, defende Manuela Braga.
A
redação do Enem vale 1.000 pontos e cada texto é lido por dois corretores, que
atribuem a nota de acordo com a avaliação de cinco competências, como o domínio
da norma culta, a capacidade de argumentação e a compreensão da proposta da
redação (tema). Cada item vale 200 pontos. Até o ano passado, se as notas dos
avaliadores tivessem entre elas uma diferença superior a 300 pontos, uma
terceira pessoa era chamada para fazer uma nova correção.
Para
este ano, a margem de discrepância caiu para 200 pontos. A terceira correção
também será aplicada se houver diferença superior a 80 pontos em pelo menos uma
das cinco competências. Se a discrepância nas notas permanecer mesmo após a
terceira avaliação, será convocada uma banca, formada por três professores, que
fará a correção presencial.
O
grande volume de participantes da prova – em 2011 foram mais de 5 milhões – é o principal impedimento para que seja
permitido o recurso da redação. Por isso, é adotada a prática do terceiro
corretor. Mas para Manuela, o MEC deveria “ se
esforçar mais” para garantir essa possibilidade. “O MEC inclusive quer que mais
universidades adiram ao Enem, para isso tem que
transmitir segurança na forma como ele é aplicado”, disse.
Apesar
disso, Manuela avalia que o Enem é um grande avanço para a democratização do acesso
ao ensino superior. “Hoje o Enem é a principal metodologia de avaliação para
ingresso no ensino superior o que para nós é positivo porque a gente tinha um
sistema de ingresso muito ultrapassado que privilegiava a `decoreba`. A verdade é
quem conseguia se dar bem era quem tinha condições de passar por um bom
cursinho para aprender os segredos de passar no vestibular”, compara.
As
inscrições para o Enem começam às 10h de segunda-feira e seguem até 15 de
junho, exclusivamente pela internet.
Amanda Cieglinski - Agência Brasil - Brasília, DF