Escolas
tiveram acesso a cadernos de pré-teste do Enem, diz MPF
06/12/2011
Com
base no inquérito da Polícia Federal, procuradoria voltou a recomendar a
anulação de questões do Enem para todos os inscritos
O
Ministério Público Federal (MPF) no Ceará divulgou na tarde desta terça-feira
trechos do inquérito da Polícia Federal sobre as 14 questões do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) de 2011 antecipadas pelo Colégio Christus
aos seus alunos. O documento afirma que coordenadores das escolas onde foram
aplicadas as provas do pré-teste em 2010 tiveram acesso aos cadernos de
questões. O ofício assinado pela procuradora da República no Ceará Maria
Candelária Di Ciero diz que o consórcio contratado
pelo Ministério da Educação (MEC) Cesgranrio/Centro
de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe)
terceirizou a segurança dos cadernos do pré-teste à empresa Serviarm
e que “todos os cadernos foram entregues aos coordenadores dos respectivos
colégios onde seriam aplicados, mediante um simples documento de recibo com cláusula
de sigilo”. O documento pede ainda que a Polícia investigue “os elaboradores e
revisores envolvidos no pré-teste”. Em outro ofício, com base nas
investigações, o MPF volta a recomendar a anulação das 14 questões antecipadas
para os candidatos de todo o Brasil e não apenas aos 639 alunos do 3º ano do
Ensino Médio do Christus que conheciam as questões
antes da prova do Enem.
O
MEC informou por meio de sua assessoria que ainda não recebeu a recomendação do
MPF, mas adiantou que não irá mudar sua posição, mantendo, portanto, a decisão
de anular as questões apenas dos alunos do Christus.
Em outubro, durante o auge da crise em torno do Enem, o advogado do Christus Candido Albuquerque chegou a afirmar ao iG que havia evidências de que o
consórcio contratado pelo MEC
terceirizou a fiscalização e que, portanto, o colégio não podia ser
responsabilizado pelas fragilidades do processo. O MEC já havia confirmado que
as questões usadas em simulado pelo Christus antes do
Enem foram copiadas de um pré-teste aplicado em outubro de 2010. O pré-teste
tinha 13 questões idênticas e uma muito similar as questões que caíram do Enem
2011. Participaram deste processo 100 mil alunos que então cursavam o último
ano do ensino médio em 40 cidades. Na época, a presidente do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttman, disse em Fortaleza que não houve vazamento de
questões e que alguém “guardou por um ano" dois cadernos da prova e depois
forneceu ao Colégio Christus.
Daniel Aderaldo, iG Ceará
IG Educação