Escolas querem cancelar Enem
28/10/2011

 

Sindicato das instituições particulares de Minas recorrerá à Justiça para suspender o exame nacional, cuja anulação foi pedida pelo Ministério Público Federal do Ceará
Junia Oliveira e Landercy Hemerson Donos de escolas particulares de Minas Gerais querem o cancelamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado nos dias 22 e 23 em todo país, e pretendem recorrer à Justiça diante da suspeita de vazamento de várias questões das provas. Ontem, o Ministério Público Federal do Ceará entrou com ação pedindo a suspensão do exame. No fim da tarde, o Ministério da Educação (MEC) divulgou nota em que confirma que o Colégio Christus, em Fortaleza (CE), onde tiveram origem as suspeitas, foi sorteado para a aplicação do pré-testes para o banco nacional de itens, em outubro do ano passado. E, segundo constataram técnicos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), questões de matemática e ciências da natureza e ciências humanas e linguagens de dois dos 32 cadernos do pré-testes foram copiadas.

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Emiro Barbini, informou que vai protocolar hoje ofício no Ministério Público Federal de Minas Gerais pedindo que ingresse com ação visando ao cancelamento do Enem. Segundo ele, em reunião na sede do sindicato, cerca de 100 proprietários de escolas particulares no estado apoiaram a medida. Barbini destaca que a quebra do sigilo, duas semanas antes das provas, fez com que o exame perdesse credibilidade. “Não é a primeira vez que falhas acontecem no Enem. Não há mais confiança no exame. Alunos e as famílias não acreditam mais nos resultados”, afirma. De acordo com ele, o cancelamento do exame é o caminho viável, já que esta é a orientação dada pelo próprio MEC em casos de suspeita de vazamento de questões do vestibular em faculdades particulares. O presidente do Sinep lembra ainda que o Enem também serve como base do ranking das escolas. “Sem credibilidade, o exame pode mascarar a realidade de instituições que vem desenvolvendo um trabalho sério. É preciso encontrar nova fórmula, talvez com a regionalização do exame, a partir de sugestões de todas as partes envolvidas”, sugeriu.

ANULAÇÃO Na ação civil pública, o procurador da República Oscar Costa Filho, do Ceará, pediu a suspensão da decisão do MEC de aplicar novamente o Enem apenas para os 639 alunos da instituição acusada de vazar o teste. Ele pede ainda a anulação total ou parcial do teste. No primeiro caso, candidatos de todo o país teriam de refazer a avaliação. No segundo, seriam desconsideradas, para todos, apenas 13 questões – aquelas que foram usadas no simulado do Colégio Christus. “Não posso eleger qualquer critério para corrigir a quebra de isonomia. É preciso haver coerência. Como posso dizer que os alunos foram a causa disso? A causa foram as questões e é nelas que o problema deve ser resolvido”, afirmou.

Erros em sequência - Desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) apresenta problemas como fraudes, vazamentos e falhas. O primeiro foi o furto da prova e divulgação dela para a imprensa. O caderno de questões foi retirado de dentro da gráfica onde estava sendo rodado e seria distribuído para todo o país. O MEC, então, foi obrigado a reformular o teste e imprimir novas provas, o que gerou um custo para os cofres públicos de mais de R$ 30 milhões, além de muito transtorno para os estudantes. O exame teve que ser realizado para dois meses depois do que estava marcado inicialmente. No ano seguinte, 2,8 mil candidatos precisaram refazer as provas por causa de troca no caderno de questões e nos gabaritos e houve suspeita de que o tema da redação havia vazado para alunos da Bahia. Neste ano, há suspeita de vazamento de questões numa escola de Fortaleza.

 

Estado de Minas - Belo Horizonte MG