Escolas públicas ficam com piores notas do Enem
– 01/05/2009
Pablo Santos
As escolas públicas foram reprovadas no Exame Nacional de Cursos (E-nem), realizado no final do ano passado. Enquanto a média dessas escolas no Estado foi de 45,42 pontos, entre as escolas pagas a nota média foi de 59,42. Para o governo, a situação é preocupante.
Em Goiás, a primeira instituição pública a aparecer no ran-king de pontuação divulgado na noite da última terça-feira é o Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás (Cefet), que ocupa a distante 20ª posição. Logo após o Cefet aparece outra instituição federal, o Centro de Ensino e Pesquisas Aplicadas na Educação, na 55ª posição, seguida pela Escola Municipal Leopoldo Moreira, de São Simão. O destaque vai para as escolas da Polícia Militar, que tiveram quatro unidades entre as dez instituições públicas mais bem colocadas.
Para o superintendente de Educação Básica do Ensino Médio da Secretaria Estadual de Educação, José Luiz Dominique, o problema não se restringe a Goiás, mas ao país como um todo. “Eu estou assustado e muito preocupado com o desempenho das escolas públicas no Brasil. O que me assusta é a homogeneidade das notas para baixo”. A observação de José Luiz ganha reforço com os números. A média das notas das escolas públicas em Goiás, 45,42 pontos, ficou próximo da média nacional, de 46,63 pontos. A diferença, segundo o superintendente, seria irrisória. “Um ou meio ponto não quer dizer nada, está dentro da margem de erro.”
O problema, na visão de José Luiz, é emblemático e necessita de uma mudança de mentalidade. “Não é um problema de governo, porque isso é notado em todo o País, com várias formas diferentes de governo. A questão é estrutural, tem algo comum no Brasil que está segurando o avanço.”
O superintendente diz que o País precisa de uma mobilização como ocorreu nos Estados Unidos da década de 70. “Os EUA fizeram um estudo chamado Uma Nação em Risco, que avaliou os problemas da educação no país. Acho que nós precisamos de algo do tipo.” jovens e adultos.
Outro ponto do Enem que chamou a atenção do superintendente é a semelhança de pontuação entre os alunos dos cursos regulares e os do Educação para Jovens e Adultos nas escolas públicas. Em Goiás, enquanto os alunos do ensino médio regular tiveram média de 45,85 pontos, os alunos do EJA tiveram nota 40,68. No Brasil, a média do EJA foi de 41,50 contra 47,07 do ensino regular. “Me preocupa muito o fato de não haver muita diferença entre os dois tipos de ensino. A qualidade é a mesma, sendo que os alunos do ensino regular têm muito mais tempo de aula. É um desempenho não muito bonito para quem quer ser uma liderança mundial.”
O professor acredita, no entanto, que a mudança no sistema de seleção, que deverá acabar com o vestibular, deverá melhorar os índices. “Com o novo Enem, vai haver um aumento na cobrança. Se o aluno não estudar e a escola não ensinar de fato, ele não vai conseguir entrar na universidade”. Além disso, o novo Enem vai fazer com que o Estado defina as matrizes curriculares. “O que a secretaria tem que fazer não dá para prorrogar para amanhã. Tem que fazer o que fez com o ensino fundamental, que é apontar as matrizes, estimular o ensino e monitorar o que está sendo feito.”
Polícia Militar
Quatro das dez escolas públicas mais bem colocadas na classificação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são instituições militares. De acordo com o Mec, as escolas mantidas pela Polícia Militar nas cidades de Rio Verde, Anápolis, Goiânia e Itumbiara aparecem no topo da lista estadual e das próprias cidades onde estão localizadas.
O motivo da boa colocação, de acordo com o diretor do Colégio da Polícia Militar Hugo de Carvalho Ramos, Major Epaminondas, é a disciplina e a organização da escola, típica de educação militar. A escola conseguiu nota 57,56, contra 52,46 da média do município. “O aluno precisa de organização para estudar três horas por dia. O militar tem muito essa questão de disciplina e do espírito de equipe.” Dentro dessa disciplina estão aulas aos finais de semana e feriados, além de grupo hierárquico dentro da própria sala de aula. Os próprios alunos têm chefes e sub-chefes. “Assim, eles são preparados para serem líderes.”
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