Escolas de ensino médio vão ter mais autonomia para fazer projetos que atraiam os alunos

05/05/2011 - Brasília DF, Correio Braziliense

 

As escolas de ensino médio vão ter mais autonomia para atender ao público de sua comunidade e vão atuar em quatro eixos básicos: trabalho, cultura, ciência e tecnologia. Essas definições foram tomadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que aprovou novas diretrizes curriculares para o ensino médio na última quarta-feira (4/5). A resolução vai dar liberdade para que as escolas montem programas diferenciados, projetos mais interessantes e, assim, complementar a grade curricular dos estudantes. A intenção é que as novas diretrizes possibilitem diversidade de projetos que atraiam os jovens para a salas de aula. A última revisão dessas diretrizes foi feita em 1998, há 13 anos. O ensino médio é a etapa de ensino com pior desempenho no Brasil e, com as mudanças, cada escola vai poder trabalhar os conteúdos da forma que acreditar sem mais interessante, usando de música, teatro ou esportes, por exemplo. Para que isso seja feito, abriu-se também a possibilidade de ampliação da carga horária caso haja interesse da escola.

Essa flexibilização está sendo estudada há oito anos. Mesmo assim, ainda não chegou ao nível das escolas, apesar das secretarias estaduais terem aprovado a      medida. O professor do Centro de Ensino Médio Asa Norte (Cean) Daniel Louzada acredita que esse processo ainda pode se alongar por alguns anos. “Ainda não está muito claro pra gente onde é que essas diretrizes vão se encaixar no nosso dia a dia. Muitos colegas ainda não conseguiram compreender de fato as mudanças de 1998”, compara.

Para Louzada, entretanto, a resolução pode acarretar consequências positivas para os estudantes. “De acordo com o que eu li até agora, nós vamos poder fazer projetos à distância, e aí os alunos vão ter uma gama maior de possibilidades. Até este momento nós estamos muito amarrados às iniciativas dos professores. É difícil que um projeto ou que um aluno com algum interesse específico tenha espaço sem um professor por trás”, afirma o professor. Entre os alunos, o desconhecimento é ainda maior, mas eles sabem que são necessárias mudanças para tornar o aprendizado mais interessante. Karoline Almeida Noleto, 16 anos, cursa o 1° ano e não se dá bem com a matemática. “Acho que eu tenho um bloqueio mesmo, mas se as aulas fossem mais dinâmicas, menos sérias, talvez ajudasse um pouco”, arrisca. Outra sugestão da estudante é                fazer feiras ou mini-cursos sobre as profissões existentes. “Seria muito mais interessante, porque a gente já se prepararia para o futuro. Teatro e música também seriam um bom jeito de envolver as pessoas com a escola”.

A opinião é compartilhada por Bárbara Ribeiro, 15. “Hoje, tem muita gente que vem pra escola porque é obrigado pelos pais. Falta algo que te chame pra estudar. Oficinas chamam mais atenção dos alunos porque são aulas diferentes. Quando o professor te mostra como aquilo funciona, você aprende de verdade”, afirma. Já Andrius de Souza, 18, que cursa o 3° ano, acredita tanto que o ensino deva mudar que entrou para um projeto da Universidade de Brasília (UnB) que trabalha com as matérias básicas da engenharia de uma forma mais lúdica. “A gente faz experimentos, ensina de um jeito mais simples e interessante. Todo mundo aprende. É impressionante”. Para ele, o que falta é a contextualização do conteúdo, para que o aluno assimile realmente o que está sendo transmitido e não apenas decore a matéria para a próxima prova. “Se for ser assim, acho que vai ser bem melhor e a gente vai, finalmente, aprender de verdade”, se anima.

 

Ana Pompeu