IG Educação, 13/05/2003

Ensino tecnológico em debate

 

A falta de profissionais especializados no setor de tecnologia é um dos muitos gargalos para o desenvolvimento brasileiro. Na busca de estratégias que alterem esse quadro e integrem os cursos tecnológicos com o mercado, representantes do governo federal, empresários e educadores debateram a Educação Profissional de Nível Tecnológico nesta segunda-feira, em São Paulo, em seminário promovido pela ANET (Associação Nacional da Educação Tecnológica).  Cerca de 300 educadores - entre diretores e coordenadores de escolas públicas e privadas de ensino médio, superior e técnico e profissionais de RH - estiveram presentes ao evento. Apesar de algumas divergências latentes de  posicionamento, ficou clara a existência de um denominador comum entre os especialistas: é urgente a necessidade de intensificar a parceria entre empresas e escolas tecnológicas para possibilitar a formação de novos profissionais e atender as expectativas de milhares de jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. Segundo especialistas, se nada for feito em 2005 vão faltar 250 mil técnicos só na área de informática no Brasil. Hoje, a estimativa é que de cada 100 empregos disponíveis na área de tecnologia da informação (IT), 28 não são preenchidos por falta de mão-de-obra qualificada. O economista Cláudio de Moura Castro, que assina coluna sobre educação na revista Veja, disse que o Brasil levou 20 anos para perceber que a mistura  de ensino técnico e  acadêmico não funciona. "Quanto melhores eram nossas escolas técnicas, mais elas se elitizavam, impedindo o acesso dos jovens interessados e formando cada vez menos profissionais". Moura defendeu a diversificação do ensino pós-médio num modelo "escadinha" (cursos de um, dois, três, quatro, cinco anos...) "que atendam a complexidade das ocupações existentes e as diferentes expectativas dos alunos que ingressam no mercado". Por fim, Moura criticou o que chamou de "tapetão do MEC". "Não adianta o governo dizer que adora os cursos tecnólogos e colocar uma pessoa para cuidar de todos eles. Quem quer abrir um curso tecnólogo no Brasil tem que passar por um corredor polonês", afirmou.