> Portal Aprendiz,

14/05/2007

Ensino técnico não segue a indústria 

 

 Uma das principais causas da escassez de mão-de-obra qualificada no Brasil é o descompasso entre a oferta atual de cursos técnicos e a demanda de setores que crescem com mais força, como serviços e alguns segmentos da indústria. 'Falta um sistema de ensino público profissionalizante que atenda às necessidades desses setores que crescem acima da média, como os de mineração e açúcar e álcool', avalia o economista Márcio Pochmann, do Centro de Estudos de Economia Sindical e do Trabalho, da Unicamp. No

mês passado o governo federal anunciou o investimento de R$ 1 bilhão para a criação de 150 escolas federais de ensino técnico, dentro do Plano de Desenvolvimento da Educação, com o objetivo de resolver o problema. Segundo o Ministério da Educação, há cerca de 200 mil empregos à espera de candidatos de nível técnico. Por outro lado, nunca as taxas de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos foi tão alta: 4,4 milhões de pessoas. 'A formação técnica no Brasil ainda é feita, na maior parte das vezes, distante do local de trabalho e com pouca experiência no chão da empresa. Antes de se ofertar mais cursos, é preciso saber que tipo de profissional o País vai demandar agora e nos próximos anos', diz Pochmann. 'A economia não cresce de forma generalizada, são setores específicos.' Outro motivo que tem levado a essa crise é que a empresa perdeu, na década de 1990, seu caráter formador de mão-de-obra. 'Antes, as empresas tinham o hábito de investir em formação profissional em áreas que necessitavam. Depois, passaram por um forte enxugamento de estruturas e de custos, que cortou parte desse investimento. Agora, elas têm que voltar à questão', diz. (O Estado de S. Paulo)