O Povo, 09/08/2006 - Fortaleza CE
Ensino médio profissionalizante
Antonio Vasques / Professor da Universidade
Estadual do Ceará. Doutor em Ciências (Unicamp). Avaliador Institucional (Inep/MEC).
No final deste ano 65.000 jovens cearenses concluirão o ensino médio. Pelo menos 48.000 o farão no ensino médio público, 55% dos quais com idades superiores a 17 anos, sendo que. 74% com conhecimento crítico em Matemática.. Foram três anos (ou mais, já que 55% dos egressos da rede pública estão com mais de 17 anos) enfrentando um currículo dissociado da realidade. No ensino médio, a educação pública pode ser comparada à privada: inutilidade dos conhecimentos adquiridos para que exerçam de imediato uma profissão.
Para os oriundos do ensino privado o caminho natural será prestar vestibular, preferencialmente nas instituições públicas. Parte daquela pequena parcela que conseguiu aprender alguma coisa no ensino público tentará ingressar nas dezenas de instituições privadas existentes (são exatamente 47 entre interior e capital), já que muito provavelmente não conseguirão aprovação nos vestibulares das instituições públicas.
Somente com a educação profissional essas distorções poderiam ser corrigidas. Sugere-se, em curto prazo, fazer a formação de nível médio concomitante com o atual ensino médio, de acordo com as 20 áreas profissionais definidas pelas Diretrizes Curriculares da Educação Profissional de Nível Técnico (Resoluções CEB 4/99 e 1/05).Posteriormente, em médio e longo prazos, a extinção do atual ensino médio com a sua substituição por uma verdadeira educação profissional técnica de nível médio. Far-se-ia, com a adoção dessas medidas, uma verdadeira revolução educacional! Alguns estados já estão dando seus primeiros, e tímidos, passos nesta direção. No Estado de Santa Catarina foram definidos 29 diferentes tipos de cursos a serem ministrados em 29 regiões administrativas.