> Folha Dirigida, 13/03/2007 - Rio de Janeiro RJ
Ensino Médio no Rio vai para recuperação
Paulo Sampaio
Mais uma avaliação é feita para diagnosticar (confirmar) o que os educadores, de uma maneira geral, já sabem: O Ensino Médio no Estado (estado em minúscula no entender da editoria da mais vendida revista semanal no Brasil) do Rio de Janeiro não atinge os mínimos necessários para ser aprovado. Seguidamente tenho opinado de que mais e mais avaliações, pesquisas e etc... São necessárias, mas, principalmente, ações objetivas são imprescindíveis. A nossa cidade maravilhosa desde que deixou de ser a Capital de nosso País vem sofrendo mais do que qualquer outro estado da Federação às conseqüências dos seguidos Planos Econômicos para estabilização da moeda e controle da inflação. Como Deus é carioca tornamo-nos o maior produtor de Petróleo do País e a grave crise financeira foi mitigada, os seja, fugimos do caos total. A fusão da Guanabara com o antigo estado do Rio de Janeiro, como toda a fusão sempre, trouxe benefícios e prejuízos para ambos. Os dados superficiais da pesquisa estão nos vários veículos de comunicação e serão publicados completos como livro. O PIB estadual caiu de 20% para 12% e assim permaneceu pelas últimas três décadas. Como conseqüência a participação das matrículas em escolas particulares caiu de 46% para 14% (em 2000, segundo a pesquisa, hoje deve ser ainda menor). Este dado que eu venho citando em todos os meus artigos anteriores é fundamental para se entender porque o Ensino Médio do Rio de Janeiro está sendo reprovado na pesquisa. Os alunos foram obrigados, por total falta de recursos, a se deslocarem das escolas particulares para as públicas, mas não houve aporte de verba para o Ensino Oficial poder suportar este violento acréscimo no número de matrículas. Os autores da pesquisa citam de forma politicamente correta que: "... faltaram políticas educacionais capazes de melhorara o desempenho do ensino público...". Perdoem-me, o que faltou mesmo foi dinheiro para a Secretaria Estadual de Educação, independentemente de seu titular, implementar as políticas educacionais. O setor educacional é o mais politizado de todos os setores. Os seus líderes, não importando que sejam professores ou funcionários ou administradores de maior escalão, todos, mas absolutamente todos, são capazes, como em próprio, de argumentar e defender suas próprias idéias e teses, muitas vezes conflitantes, entre profissionais de um mesmo grupo e isto se chama Democracia que tem aprovação 100%, com louvor. A discussão atual, por exemplo, sobre um assunto que é de mobilização nacional e superpartidária vai se arrastando, arrastando apenas para colocar no papel a possibilidade de punibilidade a partir dos 16 anos. E mais e mais pessoas vão morrendo, enquanto a discussão continua. No setor educacional é exatamente a mesma problemática, só que os cadáveres educacionais produzidos pelos erros não ocupam a mídia, só a sua conseqüência. A exclusão social e os danos à própria vida cuja causa é para todos, sem argumentações contra, como resultado da falência do sistema educacional, mas atos, ações e etc... Não acontecem e os problemas continuam. Em resposta à incitação:... E aí você não vai fazer nada... Procurarei fazer a minha parte: Fugindo de diagnósticos e pesquisas e passando para as sugestões: 1 - Senhor Governador Sergio Cabral do alto de sua elevada aceitação dê condições financeiras para que os pontos principais de seu Plano de Governo apresentado e que foi aprovado pela imensa votação que obteve saia do papel. 2 - Na Secretaria de Educação, senhor governador, está um homem que é fruto de uma geração de qualidade na Educação Pública, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, antiga Universidade do Brasil, concentração, com todo o respeito das demais dos mais privilegiados cérebros da inteligência nacional. E como o Sr. sabe governador foi reitor da UFRJ, em uma gestão, sem conflitos e que conduziu com grande sapiência e maestria. Portanto, a escolha foi correta e o desafio foi aceito, agora só faltam os recursos para concretização do projeto aprovado. 3 – Como o ano letivo já se iniciou e qualquer medida educacional é lenta, sugiro que não "se invente a roda novamente", apenas prepare-se a estrada para as modificações em 2008. 4 – A descentralização da gestão escolar é, no meu modesto entender, uma das necessidades para uma maior eficiência na realização das políticas. A centralização apenas incentiva a política do "AO AO". Para solucionar um pequeno problema, é feito um ofício ao Chefe imediato, deste ao Coordenador de área, deste ao Sub-Secretário de assuntos relevantes e deste ao que tem poder de decisão. Não estando a par do problema, solicita mais informações e, retorna à origem passando por toda a cadeia anterior. E nada é feito. 5 – A exclusão de alunos e a repetência não podem ser solucionadas pela regra do "AO AO", mas pela peça mais importante da cadeia o "bom professor". Pelo pouco espaço do SEM CENSURA, até quando existe espaço não posso me estender, mas, existem medidas que devem ser tomadas a curto, médio e longo prazo, a serem objetivamente discutidas e implementadas, sempre dentro do Projeto Inicial.