Ensino
médio: o jeito mineiro de manter os alunos na sala de aula
Para
reduzir a evasão escolar, Minas Gerais inclui na grade disciplinas extras com
foco em empregabilidade
26/12/2012
Do
Oiapoque ao Chuí, o desafio dos educadores é evitar a evasão dos alunos
matriculados no ensino médio. A dificuldade é ainda maior em instituições
públicas localizadas nas áreas mais carentes do país, onde grande parte dos
estudantes que não têm perspectiva de prestar o vestibular e vê mais sentido em
dedicar seu tempo ao trabalho , para ajudar nas
despesas de casa, do que marcar presença na escola.
Evasão: Ensino médio
deveria ter, pelo menos, mais 2 milhões de alunos
A
situação não é diferente em Minas Gerais, onde a taxa de evasão no ensino médio
foi de 47% em 2011, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
Com o objetivo de diminuir a desistência, a Secretaria de
Educação do Estado elaborou o programa “Reiventando o
Ensino Médio”, que teve o projeto piloto implantado em 11 escolas públicas
neste ano e será estendido para mais 122 instituições em 2013.
O
programa consiste em agregar à grade obrigatória três opções de disciplinas
extracurriculares (Turismo, Tecnologia da Informação ou Comunicação Aplicada).
“Todas com foco em empregabilidade, o que estimula o interesse dos alunos, pois
facilita a colocação no mercado de trabalho”, explica Ana Lúcia Gazzola, secretária de Educação de Minas Gerais.
Ensino médio: a pior
etapa da educação do Brasil
No
começo do ano letivo, os estudantes participaram de um seminário no qual as
novas matérias foram apresentadas. Dentre as três opções, eles puderam escolher
uma matéria para cursar. “Apresentamos os pormenores das disciplinas e ajudamos
os alunos a escolher a melhor opção de acordo com as competências naturais de
cada um”, conta Fernanda Moreira de Araujo, coordenadora do programa na Escola
Estadual Professora Maria Coutinho, localizada em Belo Horizonte.
Tecnologia
da Informação foi a disciplina escolhida por Brenda
Kelly Nascimento, 15 anos, matriculada no 1º ano da Escola Maria Coutinho.
“Tenho facilidade em mexer com computadores, então acho que me encaixo bem
nessa área”, conta. A garota destaca que o projeto mudou a atitude tanto dos
alunos, quanto dos professores. “Hoje estamos nos entendendo melhor e também
damos mais valor aos materiais de apoio, como ao laboratório de computação e à
sala de vídeo”.
Fora da média: Após Ideb, MEC desengaveta orientações para ensino médio
No
colégio Maria Coutinho, assim como nas outras instituições em que o programa
foi implantado, os próprios professores foram habilitados para aplicar as novas
disciplinas. A mudança enfrentou bastante resistência por parte dos professores
no início. “Tivemos que abandonar nossa zona de conforto. Mas quando o projeto
foi se desenhando, houve aceitação maciça”, conta a coordenadora Moreira, que
deixou de dar aulas de artes plásticas para assumir o posto de coordenadora do
programa.
Próximos passos
Os
dados de evasão referentes a 2012 ainda não foram compilados. “Mas com certeza
houve maior interesse dos alunos por todas as disciplinas, o que diminuiu o
número de faltas”, afirma Moreira.
Mudanças: Mercadante defende
revisão curricular no ensino médio
No
ano que vem, o programa será estendido para 122 escolas e a meta é que atinja
as 2.206 unidades de Minas Gerais nos próximos anos. Três novas disciplinas
serão oferecidas nessa nova fase: Empreendedorismo e Gestão, Meio Ambiente e
Recursos Naturais.
“Além
disso, algumas atividades das escolas devem ser incorporadas à comunidade. A
ideia é que os alunos de Comunicação Aplicada, por exemplo, produzam placas
novas de sinalização para os bairros”, conta Ricardo Fenati,
um dos elaboradores do projeto
Brasil Econômico - Priscilla
Arroyo
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