Portal MEC, 20/03/2006 - Brasília DF

Ensino médio noturno: escolas premiadas no Norte apostam em infra-estrutura para motivar alunos

Heloisa d'Arcanchy

 

 

Duas escolas da Região Norte que propõem mudanças na forma de ensinar foram premiadas em concurso promovido pela Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) para a melhoria do ensino médio noturno. A Escola Estadual Professora Esther da Silva Virgolino, de Macapá, e a Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, de Belém, receberam na quinta-feira, dia 16, um cheque de R$ 140 mil, cada uma, para desenvolver os dois projetos vencedores, entre os 87 inscritos na região. O concurso tem o objetivo de estimular os alunos do ensino médio noturno, os quais geralmente trabalham durante o dia e chegam cansados à escola. Os recursos serão usados para melhorar a condição dos prédios escolares, capacitar professores e dar aos jovens aulas dinâmicas e adequadas à sua realidade.

 

A coordenadora do projeto premiado no Amapá, Antonice de Melo, está otimista com a perspectiva de mudanças. Em 2005, ela sentiu a desmotivação dos alunos em razão das dificuldades que enfrentam. A maioria trabalha para sustentar a família e não tem muita disposição para estudar. Há, ainda, a falta de infra-estrutura da escola. “Há apenas um computador e mesmo assim ele está doente, não serve pra nada”, disse. A localização da escola também não ajuda. “Os alunos têm que andar muito e por um caminho isolado”, afirmou Antonice. Mesmo com as dificuldades, a professora ajudou a promover os Jogos Escolares, com campeonatos esportivos e jogos didáticos. Conseguiu animar a turma e aumentar a freqüência. Com o dinheiro recebido, a diretora da escola de Macapá, Arlene Favacho, pretende reformar o auditório, comprar 50 computadores e um aparelho projetor, equipar o laboratório de ciências e investir nas aulas de artes.

 

Belém — Baixa freqüência, presença oscilante em determinados dias da semana e desinteresse na realização das atividades propostas. Esse era o quadro do ensino médio noturno na escola de Belém. No ano passado, numa única turma de primeira série, 32 alunos, dos 41 matriculados, apresentaram rendimento abaixo da média. Muitos foram considerados desistentes. Para estimular os 190 estudantes, entre 14 e 43 anos — a maioria sobrevive do trabalho informal —, a escola apresentou um projeto de pesquisa com enfoque interdisciplinar, aliado à qualificação profissional, de acordo com a realidade local. Durante o período de planejamento das ações, de outubro a dezembro de 2005, a escola mostrou os primeiros resultados. Segundo a coordenadora do projeto, Luiza Pereira da Silva, os alunos passaram a freqüentar a escola até mesmo fora do horário de aula para uso da biblioteca, do laboratório de informática e orientação com os professores. “Tínhamos mais de 50% de evasão. Com o projeto, a freqüência e o aproveitamento aumentaram em 70%”, disse Luiza.

 

Em 2006, os estudantes vão pesquisar a história e a cultura da Ilha de Caratateua. No trabalho, usarão a internet, realizarão entrevistas com as pessoas mais antigas do lugar e organizarão seminários para apontar perspectivas. As atividades contribuirão para o desenvolvimento geral dos alunos, que também terão oportunidade de participar de cursos básicos de informática, eletro-hidráulica, inglês, confecção de bijuterias e reciclagem de materiais diversos para ampliar as chances no mercado de trabalho.