Enem deixou de complementar vestibular

Portal Aprendiz, 30/07/2008

Alan Meguerditchian

 

 

Ao completar 10 anos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não consegue mais atuar como elemento de complementação dos processos seletivos das grandes universidades. A conclusão é dos coordenadores de vestibulares que participaram do Seminário sobre Vestibular, na última segunda-feira (28/7) no Ibmec São Paulo, na capital paulista. Segundo a coordenadora de vestibulares da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Ana Maira Zilocchi, o Enem acrescenta pouco na diferenciação dos candidatos. “Quando o curso é muito concorrido, sua influência é ainda mais restrita”. Nesse contexto, com ou sem o Enem, os estudantes aprovados seriam os mesmos. “O jovem que consegue um bom desempenho no Enem, é o mesmo que vai bem no vestibular”, complementou Ana Maria. “Teve um ano em que todos que passaram para a segunda fase de Medicina apresentaram a mesma nota no Enem”, lembrou o coordenador executivo do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Leandro Tessler.

Papel do Enem - O Enem foi  elaborado com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao término da escolaridade básica. Ele também poderia servir como modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos cursos profissionalizantes pós-médio e ao ensino superior. Para isso, o exame busca avaliar competências e habilidades por meio de uma prova de 63 questões objetivas e uma redação. Hoje, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 500 instituições utilizam os resultados do Enem em seus processos seletivos, seja complementando ou substituindo o vestibular. Em 2007, o exame obteve o recorde de 3.568.592 de inscrições e 2.738.610 de participações. Neste ano, o Enem será aplicado em cerca de 1.400 municípios brasileiros. Já foram recebidas 1.446.863 de inscrições pela Internet. Diferente da maioria das instituições, a PUC-SP, por exemplo, só incorporou o Enem como complemento do vestibular no processo seletivo do ano passado. Durante os estudos para a tomada de tal decisão, a universidade  chegou à conclusão de que se a nota da prova objetiva de Enem participasse de uma fórmula do tipo utilizada pelas universidades públicas de SP , por exemplo, a contribuição para a classificação seria de 0,98. “Isso significa que pouco ou quase nada seria alterado em termos da classificação do candidato no Processo Seletivo da PUC-SP”, explicou Ana Maria. Mesmo assim, o Enem foi incorporado na prova objetiva da instituição. O resultado: 63% dos mais de 22 mil inscritos no vestibular 2008 da PUC-SP apresentaram um aproveitamento acima de 70 no Enem, o que, realmente, não trouxe nenhuma modificação no resultado final.

 

Saída - Diante da discussão e da conclusão de que o Enem deixou de ser uma ferramenta eficaz de complementação para determinados vestibulares, o professor associado do Ibmec São Paulo Sergio Lazzarini sugeriu que os coordenadores dos vestibulares presentes formassem uma comissão para discutir o tema e levar alguma sugestão para o Ministério da Educação.