Rede MEC, 20/10/2003 - Brasília DF

Encontro discute educação indígena no ensino médio

Vilany Kehrle

 

Construir escolas de ensino médio nas aldeias indígenas e formar professores deste nível de ensino especializados no trabalho com estas populações. Esta é uma das reivindicações que a comunidade indígena espera ser atendida por meio da nova política adotada pelo MEC para a educação indígena. Até 2002, essa política era voltada especificamente para o ensino fundamental. Agora, o ministério vai estendê-la ao ensino médio e superior. As novas propostas para a educação dos povos indígenas estão sendo discutidas no 1º Seminário de Políticas de Ensino Médio para os Povos Indígenas, que começou hoje, 20, no Instituto Israel Pinheiro, em Brasília. O encontro está sendo promovido pelo Ministério da Educação e irá até quarta-feira, 22. Segundo o coordenador-geral de Educação Indígena do MEC, Kleber Gesteira Matos, o Censo Escolar 2003, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), aponta que existem 150 mil estudantes indígenas no Brasil. Desse total, 3% estão no ensino médio. No ensino superior, estão 1.200 índios, sendo que 900 chegaram às universidades pela mesma via que os demais alunos, e não por meio da política de inclusão social e educacional. Para formular as novas políticas, o secretário de Educação Média e Tecnológica do MEC, Antônio Ibañez Ruiz, disse que será feito cruzamento de dados novos e antigos, levantados pelo Inep, para saber quem são os alunos indígenas e onde estão, entre outras informações que possam auxiliar a política em curso. Das 208 instituições públicas de ensino superior existentes no País, apenas três implantaram cursos para professores indígenas em seus quadros: Universidade Federal de Roraima, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e Universidade Federal de Mato Grosso. O professor de Educação Fundamental da Aldeia Taba Lascada, em Roraima, Fausto da Silva Macuxi, conta que o curso de magistério específico indígena, implantado pela Universidade Federal de Roraima em 1994, foi interrompido em 2002 por falta de recursos. Durante oito anos, foram capacitados 470 professores. A formulação e a implementação de políticas de ensino médio para os povos indígenas no contexto da coordenação da educação escolar indígena pelo MEC foi o tema da abertura do evento. Até quarta-feira, grupos discutirão temas como relação entre ensino médio e superior; conquistas da educação escolar indígena; concepções, formato e estratégias para um ensino médio indígena. Ibañez Ruiz acredita que a política para o ensino médio indígena deve ser implementada em 2004.