> Diário da Tarde, 05/02/2007 - Belo Horizonte MG

Efeitos do ensino profissionalizante

Editorial 

 

O BOLSA-FAMÍLIA trouxe à tona o imenso contingente de cidadãos que necessitam de medidas de cunho assistencialista do governo para garantir sua sobrevivência. Porém, o principal registro inserido no âmbito do Bolsa-Família é a confirmação de que a pobreza afeta e atinge, de forma mais incisiva, as pessoas de baixa escolaridade e sem profissão definida. A REALIDADE dos brasileiros que vivem na pobreza e na miséria sinaliza tanto para a necessidade de democratização do acesso a ensino público de qualidade, quanto para a instalação de cursos profissionalizantes, que preparem os cidadãos para o exercício de alguma atividade remunerada. DENTRO dessa premissa socioeconômica, devemos aplaudir a iniciativa do Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida (Coep), criado em 1993 pelo sociólogo Herbet de Souza, com representação em 27 capitais e 27 municípios  brasileiros, que busca unir esforços para promover cidadania e capacitar profissionalmente pessoas carentes que vivem em aglomerados. INCLUSÃO digital, cursos de corte e costura avançados, culinária alternativa, de manicure, inglês e espanhol estão, por exemplo, aumentando as perspectivas de renda de moradores do Aglomerado da Serra, um dos maiores de Belo Horizonte, na região Centro-Sul, onde já se assiste ao surgimento de grupos profissionais autoproducentes. EM MINAS Gerais, várias empresas se uniram com o objetivo de possibilitar melhoria de vida por meio da promoção de cidadania na capital e, também, em São José da Barra e Poços de Caldas, no Sul do estado. Os instrutores e professores comemoram a empolgação das mulheres do Aglomerado da Serra com os cursos que são oferecidos na Associação Cultural e Educativa da Serra (Aces), que foi  inaugurada em 13 de maio do ano passado.

GRAÇAS ÀS ações do Coep, 150 mulheres em situação de vulnerabilidade pessoal, familiar e social vêm sendo assistidas e ganhando oportunidade de inclusão por intermédio de cursos profissionalizantes. Preocupados também com a saúde das pessoas, os agentes do Coep criaram o Projeto Sorriso Comunitário, que resultou na instalação de três consultórios odontológicos no Aglomerado da Serra, onde os moradores pagam taxas simbólicas pelo atendimento dentário, que é vital para a saúde bucal e geral das pessoas. TODAVIA, o aspecto mais promissor e realmente libertador do ser humano reside no curso profissionalizante, que abre horizontes para que, no futuro, as pessoas que hoje necessitam de amparo e assistência social possam sobreviver às próprias custas e, assim, ser responsáveis e tomar conta de si mesmas.