Educadores criticam mudanças no Enem

Marcelo Bebiano

Folha Dirigida, 13/01/2009 - Rio de Janeiro RJ

 

Educadores do Rio de Janeiro voltaram a criticar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que segundo eles, não objetiva mais a avaliação do ensino médio nacional, como originalmente foi criado, funcionando como uma ação de controle federal sobre o ensino médio. As críticas iniciais foram feitas pelo professor Edgar Flexa Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio) no artigo "Enem: efeitos perversos", publicado ao lado. Flexa Ribeiro explicou que as regras do Enem não são claras. "Alunos, professores e escolas se ressentem da falta de indicadores mais precisos e de seus objetivos e caminhos".

Além disso, ele reclamou da utilização dos resultados do exame  como referencial para  classificar e qualificar estabelecimentos de ensino. "A partir daí, o Enem ransformou-se em poderoso instrumento de controle federal sobre o ensino médio, em flagrante contradição com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional". Flexa Ribeiro afirmou que a cada ano, a autonomia dos estados federados na organização de seus sistemas de ensino fica mais restrita. O presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE), professor João Pessoa de Albuquerque ratificou as críticas de Flexa Ribeiro. Para ele, o resultado do Enem tem sido utilizado como ação de marketing por alguns colégios. "Na verdade, o Enem foi criado como um índice de avaliação do ensino médio brasileiro para melhorarmos a qualidade, no   entanto, atualmente estão modificando a idéia inicial. Isso é ruim para o processo. Não devemos confundir os objetivos".

Na opinião do presidente da Academia Brasileira de Filosofia, João Ricardo Moderno, o Enem promove, no ensino médio, o mesmo equívoco que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no ensino superior. "Eles exercem um controle federal sobre instituições de ensino médio e superior, o que não fazia parte de seus objetivos iniciais. O Enem foi criado para avaliar o ensino médio e a Capes para conceder bolsas de estudo. Essa mudança de rumo é absurda e nociva. É preciso mais liberdade de ação", disse o professor João Moderno.