Portal Aprendiz, 18/09/2006

Educação melhora, mas há 15 milhões de analfabetos

 

 

A meta do governo federal de erradicar o analfabetismo entre as pessoas com 15 anos ou mais de idade, prorrogada na semana passada, não teria mesmo como ser cumprida até o ano que vem. Ainda existem 15 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever. Embora seja comum a todas as regiões e atinja 10,2% da população com 10 anos ou mais de idade, a falta de instrução primária é mais acentuada no Nordeste, onde a proporção chega a 20% - no Sul, é de 5,4%.

 

Considerando os últimos dez anos, o IBGE registrou evolução na educação: subiu a média de anos de estudo, aumentou o ingresso na escola e caiu a taxa de analfabetismo, reduzida de 14,7% para 10,1% - os dados excluem a população do Norte rural. Apesar da melhoria, grande no Nordeste, onde o porcentual dos que não tinham acesso à rede de ensino, no grupo de 7 a 14 anos, caiu de 20,3% para 3,5%, ainda existem 3,7 milhões nessa faixa etária fora da escola. 'Houve queda na taxa de analfabetismo, mas ela ainda é muito alta. Além disso, há grande quantidade de analfabetos funcionais', diz o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, referindo-se às pessoas com menos de quatro anos de estudo - que, no ano passado, totalizavam 38 milhões, consideradas as pessoas com 10 anos ou mais de idade.

 

Para o pesquisador Pablo Gentili, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o aumento da escolarização é apenas metade do caminho rumo à superação da desigualdade. 'O que vemos ainda é uma 'inclusão exclusiva', já que os mais pobres entram na escola, mas permanecem sem acesso à educação de qualidade'. Segundo o Ministério da Educação, os dados confirmam a necessidade de reestruturar o programa Brasil Alfabetizado e atingir o analfabeto absoluto. (O Estado de S. Paulo)