Educação
profissional é pouco atraente, aponta pesquisa
09/02/2012
77,5%
dos entrevistados nunca fez curso profissionalizante; a maioria, por falta de interesse
BRASÍLIA
- Uma das políticas centrais do governo de Dilma Rousseff, a educação
profissional não tem interessado tanto aos jovens como se poderia esperar. Uma
pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI) mostra que 77,5% dos entrevistados nunca frequentou algum curso
profissionalizante, seja de nível básico, médio ou tecnológico. A maioria deles
por falta de interesse. A pesquisa mostra que, entre 2004 e 2010, o número de
pessoas com cursos profissionalizantes aumentou 77%. Ainda assim, o porcentual
é baixo: 23% dos jovens apenas passaram por alguma formação, excluindo-se aí o
ensino superior. "O grande problema é a falta
de interesse. Talvez falte conhecimento por parte dos jovens. Hoje, quem faz um
ensino médio profissionalizante tem um ganho salarial 14% maior do que quem fez
apenas o ensino médio regular. Um jovem com uma graduação tecnológica de três
anos recebe 24% mais do que alguém com três anos de bacharelado", afirma o
economista da Fundação Getulio Vargas Marcelo Neri, responsável pela pesquisa.
A
falta de interesse é apontada como razão principal para não buscar um curso
profissional em todas as classes entrevistas, e cresce na medida em que a renda
também aumenta. Apenas nas classes D e E a falta de
recursos surge como importante para mais de 20% dos entrevistados. "Nesses
casos, uma bolsa do tipo ProUni
(Programa Universidade para Todos) pode ajudar. Mas o que a pesquisa mostra é
que é preciso conquistar o jovem", afirmou Nery. A pesquisa mantém o
padrão de outro estudo sobre o ensino médio, que mostra a falta de interesse
como o principal motivo para que os jovens deixem a escola. O levantamento,
feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) mostra que 3,4 milhões de jovens brasileiros entre 18
e 24 anos não estudam nem trabalham. Dois terços deles por falta de interesse
na escola.
Lisandra Paraguassú, da Agência Estado
O Estado de São Paulo - São Paulo SP